Eu tinha uns
13 anos. Quando eu tinha 13, acredite, não tinha internet e nós não sabíamos
tudo sobre sexo ainda.
Um peitinho era título de Copa do Brasil. Mais do que
isso, vamos a Tóquio!
Eu era
virgem. Nunca tinha conseguido nem ver a porra de um filme pornô. Até que meus
pais se separaram. Para minha sorte o primeiro interessado no passe da véia foi
um dono de locadora.
O cara, nada bobo, quis ganhar os filhos dela.
Começou me emprestando fita de futebol. “Isto é Pele”, “Garrincha alegria
do povo”, etc.
Até que um
dia deixou uma caixa preta junto do filme do Maradona.
Minha mãe saiu, eu coloquei a fita no vídeo cassete e
me preparei para a primeira vez. Estava tenso, era épico! Eu ia VER uma
chapuletada em movimento. Até então, só em revista, só foto.
E então o
filme começa.
Entra uma moça em casa, olha pro marido e diz:
- Você comprou essa calça?
- Sim. Gostou?
- Não. Eu odeio poliester!
E em seguida
ela cai de boca.
Levei uma semana imaginando que eu precisava de uma
roupa de poliester urgente! Era fácil demais!
Até que veio
outro filme. Neste, uma mulher levava seu carro ao borracheiro porque o pneu
havia furado.
Ela entra, estaciona, o cara aparece todo fodido e
sujo e diz: “Posso ajudar?”.
- Meu pneu
tem problemas. Preciso troca-lo.
- Claro. E como pretende pagar?
Uhu! Peitocas ao vento, lá vem paulada!
Mas… como
assim? É fácil assim? Posso então ser borracheiro ou ter uma calça de
poliester e tá tudo certo?
Estava.
Até que
minha mãe chegou. Atrasada, irritada.
- Que foi,
mãe?
- Nada. O pneu furou, tive que parar no borracheiro…
Ca-ra-ca…!!!
Minha
infância nunca mais foi a mesma. Levei uns 2 meses pra entender que os
borracheiros de verdade cobravam em dinheiro.
Ufa.
(Texto de Rica Perrone)