14 setembro 2011

Casamento Chinês

O desequilíbrio de gêneros na China obriga os 18 milhões de solteiros chineses a viajar para países como o Vietnã e Brunei em busca de mulheres, as quais chegam a valer US$ 6 mil se forem virgens.
Os abortos seletivos de meninas na sociedade també
m agravam a situação de desequilíbrio. A perspectiva é que, em 2020, a China tenha 24 milhões de pessoas solteiras, já que para cada 116 homens nascem 100 mulheres. No resto do mundo, a proporção é de 103 a 107 homens para cada 100 mulheres.
Por conta dessa situação, alguns solteirões chineses optam por viajar para países como o Vietnã para comprar suas mulheres.
No Vietnã, há agências especializadas em oferecer mulheres a partir de US$ 900. Detalhe: o cliente ainda possui garantia que varia de três meses a um ano, caso a mulher queira fugir.
Para as vietnamitas, que são as mais cotadas, casar-se com um chinês significa fugir da pobreza e da baixa posição social. Para elas, os chineses são como os americanos são para as chinesas, ou seja, uma fonte segura de vida confortável e estável.

Por sua vez, os homens chineses também optam pela compra de suas mulheres para não precisar corresponder às inúmeras exigências das chinesas, que procuram ao menos homens que ofereçam uma casa,
um veículo e um salário fixo elevado.Segundo um relatório do portal chinês Souhu Jiaodian sobre o custo de um casamento nas maiores cidades da China, elaborado a partir de uma enquete feita pela internet, em Pequim, por exemplo, é preciso em torno de US$ 315 mil para garantir sua mulher.
A pesquisa leva em conta o custo aproximado de uma casa de 80 m², despesas com decorações, artigos para o lar, carro, festa de casamento e lua de mel na Europa, além de tudo que foi gasto durante o período de namoro.
Após todos esses cálculos, pagar uma quantia de US$ 900 a US$ 6 mil para comprar uma mulher que, segundo seus vendedores, será carinhosa e boa, motivou muitos chineses. Há uma pressão pessoal e familiar muito forte na China para comprar uma casa e conseguir uma mulher.
Natural da província sulina de Guangxi, Hong Lin, 22 anos, operário e cujo salário mensal é US$ 312, contou ao portal Global Times, porque foi buscar uma mulher no Vietnã: "para alguém como eu é muito difícil conquistar uma mulher chinesa. Eu não queria mais ficar sozinho".
Assim como Hong, muitos chineses pobres partem para o sudeste asiático em busca de comprar uma mulher. Na visão delas, os chineses são ricos e, por isso, aceitam se casar imediatamente. No entanto, muitos destes casamentos comprados são feitos sem o consentimento das futuras mulheres, que são raptadas de suas famílias e obrigadas a se casarem para, em muitas ocasiões, acabarem maltratadas e prostituídas.
Com casamentos comprados e forçados, muitas mulheres, após um curto tempo ao lado do "marido", fogem. Em Shuangfeng, na província central de Hunan, muitos habitantes ficaram sem suas mulheres, que foram adquiridas por preço médio de US$ 5.686 e desapareceram juntas, abandonando cerca de 50 chineses.
A fuga coletiva das mulheres revelou um possível acordo firmado entre a empresa vendedora e as mulheres vendidas que, desta maneira, poderão ser revendidas e lucrar em dobro com o valor da transação. Por conta desse motivo, os novos compradores estão passando a exigir garantia para empresa.
O desequilíbrio de gêneros intensifica o tráfico de mulheres na China. Porém, a pressão social força muitos solteiros, independentemente da idade, a comprarem suas mulheres. Segundo a Federação de Mulheres Chinesas, na cidade fronteiriça de Guangxi, que possui 120 mil habitantes, vivem 1,6 mil mulheres vietnamitas, sendo que 647 não possuem nenhuma formalidade legal.


Na China atual, o casamento é uma cerimônia simples, sem grandes formalidades, realizada muitas vezes num restaurante modesto. O grande investimento é feito na sessão de fotografias que pode ter contornos surrealistas, com vários fatos e ambientes encenados a parecer locais de países exóticos. Fotografar casamentos é hoje uma das atividades profissionais mais lucrativas na China.