O Deci, batizado Valdeci, chegou depois, pra jogar na
ponta esquerda.
O centroavante, Vicente, era chamado pelo sobrenome (de
Moraes), porque o goleiro tinha o mesmo nome e era mais antigo.
De modo que o
ataque ficou sendo Pobre, de Moraes e Deci.
Mas um gozador teve o achado: “de Moraes pode ser Demarré!”.
E imortalizou o
ataque local: Pobre, Demarré e Deci.
Eu sei que você não acredita. Mas é verdade.
Igual a uma
outra dupla que jogou muitos anos numa cidadezinha ali perto.
Eram gêmeos, chamados de Toinho (clássico, lançador) e
Tonhão (veloz, artilheiro).
O primeiro
acabou virando Tuím. Depois, com o seriado famoso na TV, um gaiato batizou o
segundo de Piques, o que combinava com o seu estilo de jogo.
E assim ficou: Tuím e Piques.
Jogaram muito.
Pode perguntar lá que vão confirmar.
Mas o jogador mais famoso da região naquela época foi o
Maria.
Isso mesmo.
Maria.
Chamava-se Walderney, desde pequeno Neyzão, por ser
troncudo e brigador. Mas no ginásio, por azar, tocou-lhe ler em voz alta a
conjugação do verbo somar. E na hora do futuro do pretérito saiu “eu somaria”.
Ele tirou dez,
mas levou as gozações e o apelido. Custou-lhe muitas brigas, mas não tinha mais
jeito.
Acabou se acostumando.
Só não gostou
quando chegou pra formar dupla com ele o Joãozinho.
Aí ele largou o time e sumiu. Sem deixar pistas.
Por fim, teve o
Du Morrier – alto, magrelo e de pele morena. Era o Pedreira até lançarem, nos
anos setenta, um cigarro comprido e marrom chamado Du Morrier.
Pronto. Ficou sendo seu nome até o final da carreira.
Que, aliás, nem
durou muito. Ninguém nem se lembra dele direito.
Por fim, não, minto, porque eu me lembrei de outro caso. O
lateral esquerdo baixinho, sarnento, chamado Sebastião Beethoven.
Que ganhou o
apelido de Tantantantan por causa da abertura da Quinta Sinfonia, que a torcida
tocava na corneta sempre que ele pegava na bola.
Com o tempo, ficou sendo o Tantan.
Não era nenhum
gênio, mas até que jogou direitinho.
(Texto de Luiz
Guilherme Piva)