Todos participam do World Economic Forum, a peregrinação anual de gestores, acionistas,
governantes, simpatizantes ao templo do capital. A discussão das ideias e
apresentações ganhou maior visibilidade graças a essa mesma tecnologia. Em vez
de estar hermética em poucos espaços de divulgação, as múltiplas plataformas,
abertas na era da internet, ativam o debate público, e acelera a discussão
desses e outros temas da atualidade. Acentua a fiscalização do exercício do
poder. Com isso, caiu o poder de alguns veículos e jornalistas que concentravam
a maior parte das informações. Houve uma democratização do conhecimento do que
se passa no mundo. Essas mudanças são turbinadas com o desenvolvimento de uma
sociedade de custo marginal próximo de zero e representa o trunfo máximo do
capitalismo.
Cabe ao
público selecionar no cipoal digital o que quer ler e se inteirar. Está tudo à
sua disposição. Supor que ele só aceita a última fofoca publicada no Facebook é
uma distorção e subestimar o seu espírito crítico. O papel de watchdog do Estado deixou de pertencer a uma
oligarquia e se abriu para os cidadãos com ou sem um diploma de jornalista. Há
uma verdadeira matilha. Há mesmo um questionamento radical constante por parte
do público, o que incomoda tanto os fiscalizados como aqueles que se sentem
acompanhados do interesse de tantos cidadãos nas questões públicas. O fato das
empresas jornalísticas viverem uma crise no seu modelo de negócio, mesmo com a
demissão de jornalistas, mostra que invariavelmente avanços tecnológicos
quebram monopólio de mercado.
O direito de ser informado ganhou uma nova dimensão
com a profusão de fontes e dos compartilhamentos digitais inexistentes até
então. O mundo não corre o risco de ver oligopólios, como no passado, de
manipular, esconder ou plantar informações falsas. Há muitos mais fiscais de
plantão. E com isso a quebra de paradigmas, que segundo Thomas Kuhn é um
sistema de crenças e hipóteses que atuam juntas para estabelecer uma visão
integrada e unificada do mundo, tão convincente e atraente que é considerada um
equivalente da realidade propriamente dita.
No novo campo da informação vai sobreviver quem tiver um chapéu de credibilidade. Não importa se é um grande conglomerado de mídia ou um simples blog pessoal. O público vai continuar julgando pela qualidade jornalística em qualquer plataforma. Não se sabe mais onde estão os acionistas dos grandes veículos que eram contatados para segurar uma notícia ou mudar o rumo de uma investigação jornalística. É verdade que ocorre no meio o que Keynes chamou de desemprego tecnológico. Ou seja, devido ao fato de novas descobertas de meios para economizar o uso da mão de obra supera o ritmo em que encontramos novos usos para essa mão de obra.
No novo campo da informação vai sobreviver quem tiver um chapéu de credibilidade. Não importa se é um grande conglomerado de mídia ou um simples blog pessoal. O público vai continuar julgando pela qualidade jornalística em qualquer plataforma. Não se sabe mais onde estão os acionistas dos grandes veículos que eram contatados para segurar uma notícia ou mudar o rumo de uma investigação jornalística. É verdade que ocorre no meio o que Keynes chamou de desemprego tecnológico. Ou seja, devido ao fato de novas descobertas de meios para economizar o uso da mão de obra supera o ritmo em que encontramos novos usos para essa mão de obra.
O número de postos de trabalho nas redações encolheu
sensivelmente, o que provoca o temor que a qualidade do jornalismo
necessariamente também caiu. É uma leitura enganosa. O público busca as marcas
e nomes apoiados na credibilidade e na ética. Não acredita em qualquer boato ou
rumor publicado não se sabe por quem ou mesmo compartilhado entre os amigos.
Invariavelmente, ele vai confirmar nas fontes e veículos que ao longo dos anos
construíram na sua percepção o compromisso com a verdade.
(Texto
do jornalista Heródoto Barbeiro)