Entrou na sala no
primeiro dia de aula.
A
turma caiu na gargalhada.
Gordo!
Difícil
achar banca para sentar.
O
mundo era dos magérrimos adoradores de verdura.
Achou
a banca.
Ficava
no fim da sala.
Melhor
assim.
Quem
sabe esqueciam dele?
Raquel
sentava ao lado.
Olhos
negros e sorriso inacessível.
Ele
era gordo.
Meses
se passaram.
Jogos
colegiais.
O
time ia disputar a final.
Téo
pegou catapora.
E
agora?
Téo
era o craque da escola.
O
homem gol de olhos azuis.
O
time ia jogar com dez quando alguém lembrou:
‘Bota
o Gordo!’
O
Gordo ficou sem jeito de recusar.
Até
Raquel achou graça e deu uma força.
O Gordo
jogou com uma camisa rasgada nos flancos.
Primeira
bola que chega.
O
Gordo domina, enfia por debaixo da perna do marcador e toca no canto.
Espanto!
O
Gordo sabia tudo de bola… e algo mais.
A
bola chega e as chuteiras adversárias voam a seu encontro.
Primeiro
com lealdade.
Depois
com pura maldade.
O
Gordo deixa a todos na saudade.
Marcou
cinco gols nas redes inimigas.
Foi
carregado nos ombros, com muito esforço, pelos seus agora amigos.
E
recebeu um beijo na bochecha dado por Raquel.
A
menina dos olhos negros e olhar inacessível.
Daquele
dia em diante?
Era
o Gordo e mais dez!
(Texto de ROBERTO VIEIRA)#