21 agosto 2017
19 agosto 2017
Mais Valioso
O Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, é dono do elenco mais caro do futebol
mundial. A avaliação é do site europeu Transfermarkt, especialista no mercado de
jogadores de futebol.
O elenco do Real está avaliado em cerca de R$ 2,68
bilhões. Quem mais se aproxima desses valores é o rival Barcelona: aproximadamente R$ 2,61 bilhões.
No Top-100 do Transfermarkt, três clubes brasileiros aparecem no
fim da fila: Flamengo (R$ 279 milhões, 95°lugar); Atlético Mineiro (R$ 245
milhões, 97°) e Palmeiras (R$ 244 milhões, 98°).
A soma de Flamengo, Atlético Mineiro e Palmeiras (R$ 768
milhões) fica abaixo do valor pago pelo PSG (R$ 834 milhões) para tirar Neymar
do Barcelona.
#17 agosto 2017
Sentimento de Culpa
O único ruído possível de ouvir era o arrastar dos calçados da
multidão no cimento. Ele e mais milhares andavam cabisbaixos, com um passo
ritmado e lento, em um cenário que se assemelhava ao retorno de uma tropa que
tinha perdido uma batalha. Aqui, não havia feridos, apenas um grupo de
torcedores frutados, por mais um revés, que para muitos era o pior vexame da
história.
Em algumas oportunidades, alguém soltava um grito. E ele se
assustava, pois como ele tinha
certeza que era o principal culpado pelo resultado adverso,
pensava que o tinham descoberto. No seu desalento pensava que seria facilmente
identificado como o responsável por tudo dar errado, pois na multidão era dos
poucos que não vestia a camisa do seu time, nem uma vestimenta com a cor de sua
paixão. Também já sabia que todos que estavam saindo do estádio ao seu lado,
teriam que ouvir, por vários dias, piadas sem a mínima graça.
Pensava ser o pior
torcedor que um time pode ter, pois desde início do jogo já sentia
que o seu clube não conseguiria o resultado que precisava. Ficou os 90 minutos
pensando apenas em fracassos do time e traçando paralelos entre jogadores que
enterraram o time no passado com os atletas do elenco atual. Não era capaz de
recordar um grande momento de história do clube, mas não parava de elencar as
grandes derrotas que ele presenciou. Definitivamente, para ele, os piores momentos do
clube eram muito mais marcantes do que qualquer título ou grande vitória.
Também se culpava por não ter participado da festa da torcida na
entrada dos jogadores, por não ter gritado uma única vez o nome do clube
durante o jogo e por enxugar – disfarçar – as lágrimas que caíram após o apito
final. Não parava de pensar: como
alguém pode gostar tanto de um clube e nem consegue gritar o nome dele?
Deveria ter xingado o técnico, crucificar o goleiro, criticar o
atacante - que perdeu a melhor chance da partida -, xingar o árbitro, protestar
contra a diretoria, chamar o técnico de “burro” ou apenas conversar e abraçar o
vizinho de arquibancada, mas o sentimento de culpa que ele carregava não
deixava ele falar nada.
Continuava seguindo junto com a multidão, pensando que voltaria
no próximo jogo. Se sentiria ainda pior se não estivesse próximo do time em um
momento de baixa, mesmo sabendo que ninguém era mais culpado dos fracassos do
seu time do que ele. Ele
ama tanto o seu clube, que não se importa em só sofrer por ele.
(Texto de Humberto Luiz Peron)
15 agosto 2017
13 agosto 2017
11 agosto 2017
09 agosto 2017
Orgasmo
Os suínos são os animais cuja duração do
orgasmo ocorre durante fantásticos 30 minutos seguidos em êxtase. Para grande
tristeza humana, o orgasmo do homem dura cerca de 10 segundos e o da mulher
cerca de 15 segundos.
33
07 agosto 2017
05 agosto 2017
03 agosto 2017
Que Jogo!
No bar, já com algumas rodadas de chope, começaram a brincar de voltar no
tempo. Mas com destino específico: voltar a determinado jogo a que tinham
assistido, seja no estádio, seja na televisão.
Um falou do Brasil 4 x 1 Itália em
1970. Todos fizeram “ah!”, expressando aprovação e saudade. Ele tinha dez anos,
ficava ao lado da TV arrumando a antena e o controle das horizontais. A sala
cheia, os gritos, as bandeirinhas de papel, as pessoas na rua depois do jogo, o
sol, o domingo que nunca mais acabaria.
Outro estalou os dedos e citou Botafogo 6 x 0 Flamengo em 1972. Mas não
era botafoguense e sim flamenguista. Sete anos de idade, a camisa do time, a
dor de cada gol rasgando um pouco sua camisa e seu peito – logo era noite, o
choro em soluços, a escola no dia seguinte com as gozações que ainda ressoavam
na sua cabeça.
“Não tem comparação”, disse outro:
“Corinthians 1 x 0 Ponte Preta, em 1977, gol do Basílio”. Notou-se sua emoção
ao descrever o lance, os saltos nos chutes que antecederam o arremate fatal do
“pé-de-anjo”, o grito rouco, já era rapazinho, o pai até o deixara tomar um
copo de cerveja, ficou ouvindo rádio até não haver mais assunto, redesenhando
na mente, deitado, todo o lance.
Surgiram clássicos Atlético x Cruzeiro, Grêmio x Internacional, o Brasil 2
x 3 Itália de 1982 – que provocou lamentos, xingamentos e até um choro,
aplacado com um gole grande e uns tapinhas nas costas. E outros tantos jogos,
às vezes citados ao mesmo tempo, causando certa alegria em uns, tristeza em
outros, mas sempre com a aura de “que jogo, que jogo!”.
Só um, calado, apenas olhando,
bebericando, não citou nenhum. Notaram. “E você, nenhum jogo? Logo o mais
fanático por futebol? Não tem nenhum que você gostaria de voltar pra ver?”
Recostou-se, escorreu o corpo na cadeira, passou as duas mãos nos cabelos,
suspirou. Todos o olhavam.
“Tem”, respondeu. “Eu era pequeno, no
interior. Domingo de manhã fui pela primeira vez ver meu pai jogar na várzea.
Ao lado do meu tio, vi o poeirão subindo nas disputas de bola, os empurra-empurras,
os palavrões da torcida e dos jogadores, meu pai no banco, aguardando. Ele
olhava pra mim às vezes, dava tchau. Eu perguntava pro meu tio se ele não ia
jogar. ‘Vai, sim, já, já ele entra.’”
“Ganhei picolé, bala, biscoito de polvilho. O jogo já durava a vida
inteira. Até que o vi se levantar do banco, arrumar o meião, ficar à beira do
campo. Quando ele entrou meu coração virou um balão, subiu ao céu, planou sobre
o mundo todo. E o vi correndo, dominando a bola, chutando. Era meu pai. Deu um
carrinho que a torcida aplaudiu. Uma cabeçada que me pareceu que ele subira
mais alto que um super-herói. Era meu pai.”
Na mesa, todos em atenção total. Nem
mexiam nos copos.
“E acabou o jogo. Não sei quanto ficou. Sei que fui encontrá-lo. Ele
suado, a camisa com o número 3 nas costas, a chuteira velha, a barba rala, o
cheiro, a aliança apertando o dedo já mais gordo, os pelos nas pernas. Era meu
pai.”
Bebeu um gole.
“Nunca mais fui ver. Ele também parou de jogar logo depois. Só o via
depois com a roupa de trabalho: camisa, calça, sapato e a pastinha de vendedor.
A mesma com que foi enterrado – sem a pastinha, claro.”
Fechou os olhos. Todos calados. “Eu
queria voltar a esse jogo. Só pra gritar o que eu não gritei naquele dia.
Queria gritar alto: ‘É meu pai! É meu pai!”. Não sei por que não gritei. Fiquei
só olhando. Ele, às vezes, no campo, olhava pra mim. Sempre sonho que ele
esperava que eu gritasse. Mas não gritei.”
Olhou em volta, bateu na mesa com as duas mãos. “Agora já era. Não dá
mais.”
Uns segundos de silêncio.
Pediram a conta. Foram embora.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)
01 agosto 2017
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