Não
sei se comi bola, mas fiquei em dúvida se ela estava me dando bola de fato. Não
estou com essa bola toda, pensei. Mas talvez eu tenha pisado na bola com ela –
por isso dizem que não estou bom da bola.
Mas,
também, ela era bola presa, só dava bola preta, nunca baixava a bola. Às vezes
um cara começava a se achar a bola da vez, tocava a bola, aquilo virava uma
bola de neve e quando via era bola dividida: tomava uma bola nas costas e
ficava um tempão dando tratos à bola.
Eu,
que sempre fui meio bola murcha e não tenho bola de cristal, não ia me arriscar
a jogar sem bola. Mas ela estava com fome de bola e achava que eu jogava um
bolão – só que eu troquei as bolas, achei que aquilo era bola de sabão e acabei
lhe passando uma bola quadrada. Ela, então, antes de entrar sem bola, viu que
estava pela bola sete e saiu do jogo levando a bola.
Mas
bola pra frente: o mundo é uma bola e a bola que vai sempre volta. Aí vai ser
show de bola: nada de bate-bola, nada de bola fora. Se a bola quicar na área,
vai ser bola na rede, golaço.
E
eu, então, com a bola cheia, vou correr pro abraço.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)