Ele que desafiou. Eu estava só
assistindo. Parei a bicicleta. Ele chamou: “Ô, duvido você defender!”. Fiz que
não. Ele insistiu. Deitei a bicicleta no chão, desci o degrau de terra, andei
pro gol, ele gritou: “Lá vai!”. Foi o tempo de jogar a mochila no pé do bambu,
me virar e saltar. Lá no cantinho, alto, forte. Toquei com os dedos e caí
rolando.
Vou levar uma bronca danada. Nem sei
se dá tempo de lavar pra amanhã. Mas peguei.
Ele quis chutar outra. Mas não. Valeu
aquela. Xingou. Até tive medo, o cara é grande e tinha uns amigos dele. Me
encurralaram, deram uns chutinhos, um deles me cuspiu. Aguentei firme.
Chegaram uns adultos e eles pararam.
Falaram pra eu voltar no sábado. Querem apostar.
Eu tenho lição pra fazer e marmita
pra entregar. Mas vou. E vou pegar de novo. Podem me bater, me machucar, mas a
bola não entra de jeito nenhum.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)
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