Um
senhor, passado bem dos sessenta, caminhava no Aterro do Flamengo e parou pra
assistir a uma pelada. Sentou-se num degrau e ficou vendo a molecada jogar.
Com
alguns minutos, um dos garotos se machucou e saiu. Pra não acabar a partida,
alguns deles começaram a pedir ao senhor que entrasse. Ele negou, falou da
idade, que só queria assistir. Mas insistiram, disseram que era só pra
completar, ficar parado na defesa e o jogo prosseguir.
Ele
foi. Mas houve uma discussão constrangedora em qual time o “velho” entraria –
que ficaria mais fraco do que o outro, diziam. Tiraram no par ou ímpar. Ele
aguardou e foi pro time que perdeu a aposta.
Aí
o Armando Nogueira descreve deliciosamente a sequência de lances que o senhor
exibiu. Domínio, passes, toques, enfiadas, matadas de peito, tudo com refinada
elegância, para pasmo da molecada e para alegria do seu time, que deu um
passeio e ganhou de goleada.
Acabado
o jogo, a molecada o cercou, elogiou, perguntou quem ele era, pediu que ele
voltasse sempre. Nilton Santos sorriu, passou a mão na cabeça de alguns e foi
embora.
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