Completam-se neste
domingo 30 anos do adeus a um dos maiores jogadores da história. Gênio e imprevisível, Mané Garrincha encantou o mundo com seus dribles
desconcertantes e a maneira simples de encarar os oponentes, que eram chamados
por ele de “João”. Porém, não foi capaz de enfrentar seu maior adversário: o
alcoolismo. Assim, no dia 20 de janeiro de 1983, o ídolo do Botafogo e campeão
das Copas do Mundo de 1958 e 1962 faleceu no Rio de Janeiro, com apenas 49
anos, por consequência de uma cirrose hepática.
20 janeiro 2013
17 janeiro 2013
15 janeiro 2013
Piada Velha
No tribunal, o juiz entrevista o casal que quer se
divorciar:
- Por que é que o senhor quer o divórcio?
- Sua Excelência, a minha mulher é preguiçosa e péssima
dona de casa. E além do mais, estou de saco cheio de chegar em casa e ver a
nossa cama cheia de parasitas.
O juiz retruca:
- Isso não me parece ser motivo suficiente para o divórcio!
Virando-se para a mulher, o juiz pergunta:
- E a senhora, o que tem a dizer?
E ela:
- Senhor juiz, o meu marido é um ordinário! O senhor não
ouviu como ele chamou os meus amigos?
13 janeiro 2013
Beque Esquisito
Vinte e poucos
anos, mas pequeno como um triz. Magro como uma fresta. Fraco feito a gratidão.
Mas queria ser beque.
O chute era
murcho, como se dado debaixo d’água. A lentidão era a de uma fuga no sonho.
Enxergava em braile. Mas queria porque queria.
Desestimulavam-no.
Só que ele era teimoso, parecia um trauma. Ia aos treinos. Ficava ali no
barranco, ao lado do técnico.
Que teve dó –
“ele tem a bondade de um idiota”, dizia! – e o escalou no jogo do infantil
contra o bairro vizinho. Jogo de festa. Não valia nada. E a molecada adversária
deu um vareio: 10 a 0! Tudo, aos risos próprios e de todos, em cima do “beque esquisito”.
Mas ninguém
falou nada com ele.
Que estava
incomparavelmente feliz.
Porque
felicidade não tem metáfora.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)
11 janeiro 2013
IPVAlto
O dono de uma Mercedes SLR MC
Roadster, ano 2010,
pagará o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) mais caro do
Rio de Janeiro. De acordo com o valor venal publicado no Diário Oficial do Estado, o modelo custa R$
2.116.976,00 e deve um tributo no valor de R$ 84.679,00, aplicada
a alíquota de 4% sobre veículos a gasolina. O valor é superior ao de carros
mais novos, como a Ferrari GTO de 2011, que tem preço de R$ 1.684.363,00 e
pagará taxa de R$ 67.374,00 para rodar nas ruas do Estado.
09 janeiro 2013
Última Crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para
tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de
escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com
êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada
um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo
humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao
circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num
flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente
doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais
nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se
repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou
poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem
os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas
mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na
contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma
negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre,
que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr
os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em
torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo,
porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.
O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.
O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
(Texto de Fernando Sabino)
07 janeiro 2013
Buraco Azul
Um grande círculo azul escuro no meio do mar turquesa do
Caribe atrai mergulhadores e turistas do mundo todo para Belize, na América
Central.
O Great Blue Hole (Grande Buraco Azul) é,
na verdade, uma caverna que se formou há dezenas de milhares de anos, quando o
nível do mar era muito mais baixo do que na atualidade.
À medida que o oceano
subiu, ela ficou submersa, mas preservou as estalactites, hoje rodeadas por
animais marinhos de várias espécies, como arraias, peixes-papagaios e
peixes-borboletas.
Localizado no Atol de
Recifes Lighthouse, a cerca de 50 milhas a leste da cidade de Belize, o buraco
é um círculo quase perfeito, de cerca de 300 metros de diâmetro e 125 metros de
profundidade. É visível inclusive do espaço – foi captado por um satélite da Nasa
em março de 2009.
No início dos anos
1970, o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau explorou seus túneis e
estalactites. O Buraco Azul é parte da Reserva de Barreiras de Recifes de
Belize, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
05 janeiro 2013
As Profecias
0000 (Raul Seixas/Paulo Coelho)
Tem
dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho em silêncio calado
Com uma pergunta na alma
Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho em silêncio calado
Com uma pergunta na alma
Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?
Está em qualquer profecia
Dos sábios que viram o futuro
Dos loucos que escrevem no muro
Das telhas dum sonho remoto
Estouro, explosão, maremoto
A chama da guerra acesa
A fome sentada na mesa
O copo com álcool no bar
O anjo surgindo do mal
Os selos de fogo, o eclipse
Os símbolos do apocalipse
Os séculos de Nostradamus
A fuga geral dos ciganos
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Dos sábios que viram o futuro
Dos loucos que escrevem no muro
Das telhas dum sonho remoto
Estouro, explosão, maremoto
A chama da guerra acesa
A fome sentada na mesa
O copo com álcool no bar
O anjo surgindo do mal
Os selos de fogo, o eclipse
Os símbolos do apocalipse
Os séculos de Nostradamus
A fuga geral dos ciganos
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Um
gosto azedo na boca
A moça que sonha, a louca
O homem que quer mas esquece
O mundo do dá ou do desce
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Sem fogo, sem sangue, sem áis
O mundo dos nossos ancestrais
Acaba sem guerras mortais
Sem glórias de Marte ferido
Sem o estrondo, mas com um gemido
A moça que sonha, a louca
O homem que quer mas esquece
O mundo do dá ou do desce
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Sem fogo, sem sangue, sem áis
O mundo dos nossos ancestrais
Acaba sem guerras mortais
Sem glórias de Marte ferido
Sem o estrondo, mas com um gemido
Os selos de fogo, o eclipse
Os símbolo do apocalipse
A fuga geral dos ciganos
Os séculos de Nostradamus
Os símbolo do apocalipse
A fuga geral dos ciganos
Os séculos de Nostradamus
Está em qualquer profecia
Que o mundo se acaba um dia
Um dia...
Que o mundo se acaba um dia
Um dia...
Sim, sim, sim...
03 janeiro 2013
Gol 1000
O milésimo gol está prestes a se tornar
banalidade, mas antigamente era coisa muito séria, seríssima!
Ele marcou o
milésimo gol na escola.
Em segredo.
Na pelada do
recreio.
Não teve foto,
nem festa, nem sorvete de chocolate.
Apenas a
sensação do dever cumprido.
Futebol é bola
na rede, segundo seu pai.
Embora a barra
da escola não tenha rede.
Nem barra.
É apenas um
espaço entre dois paralelepípedos no infinito infantil.
Coisa estranha.
Na noite do milésimo gol não dormiu direito.
Sonhou com a
palmatória na escola.
Sonhou com o
padre e diretor falando do inferno.
Acordou
assustado.
Não dormiu mais.
As aulas de
matemática e geografia pareceram intermináveis.
Ficava pensando
no caderninho na bolsa.
999, 999, 999,
999.
A tampinha de
refrigerante caiu no seu kichute direito.
O chute saiu
certeiro.
Gooool.
Queria correr
para os braços do pai.
Sentir o beijo
da mãe.
Calou-se.
Escreveu no
caderno.
1000, 1000,
1000, 1000.
Segredo
particular, particularíssimo.
Ele e Deus na
sacristia.
Caminhando pra
casa na Conde da Boa Vista, soluçou.
Mas um homem não
deve chorar, segundo seu pai.
Nem no dia do
seu milésimo gol.
(Texto de Roberto Vieira)
01 janeiro 2013
Feliz 2013!
Que 2013 seja o melhor ano de nossas vidas.
Que haja muita inflação de talento e recessão de
inveja.
Que a droga seja extirpada da face da terra.
Que nunca mais uma mãe enterre um filho.
Que Papai do Céu assine um decreto proibindo criança de ficar
doente.
Que os abutres doentes virem pombas brancas.
Que todo ferreiro tenha mesmo só espeto de pau.
Que seja derretido todo metal que esteja empregado
em revólver, canhão, couraças de mísseis, balas e blindados de guerra.
Que não exista mais um só trabalhador brasileiro desempregado.
Que os médicos firam de morte a Aids, o câncer e
todo tipo de doença.
Que toda família volte a ter o pai como chefe e presidente da
casa e a mãe como a fortíssima primeira-ministra do lar.
Que todo filho volte a temer e a respeitar os
pais, sempre retornando para casa diariamente até às nove da noite.
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