05 janeiro 2014

Lamborghini

Na década de 1960, um bem sucedido empresário italiano estava insatisfeito com sua coleção de carros esportivos, que incluía os últimos modelos de Jaguar, Mercedes-Benz, Ferrari e Maserati da época. Um era apenas luxuoso, outro tinha apenas potência, e outro muito barulhento - nenhum o satisfazia completamente. Então ele tenta um encontro com Enzo Ferrari, que lhe é negado. Se isto causou um sentimento de vingança ou não é lenda, mas o fato é que em seguida o engenheiro formado em Bolonha desmonta uma recém-lançada Ferrari GT 250 e percebe que é capaz de montar um modelo à altura que atenda melhor seus desejos, e talvez até abrir um novo ramo lucrativo para suas empresas. Essa é a história de Ferruccio Lamborghini.
Com o know-how de produzir 400 tratores por mês na Itália, ele então funda em maio de 1963 um local para a produção de veículos esportivos, na pequena cidade de Sant'Agata Bolognese. Nascido em 28 de abril de 1916, Ferruccio era do signo de touro, que virou o símbolo de sua empreitada e caracterizava bem sua índole impetuosa. Para erguer a fábrica, o empresário fez um acordo com a prefeitura da cidade, garantindo emprego para os trabalhadores locais, e recebeu um empréstimo sem cobrança de juros. Cerca de um ano depois, a planta já estava pronta para produzir.
O primeiro modelo foi lançado antes mesmo de terminar a fábrica. No salão do automóvel de Turim de 1963, a Lamborghini 350 GTV ganhou fãs pela primeira vez, mas o projeto de superar a Ferrari ainda era visto com muita desconfiança, ainda mais por Ferruccio ser conhecido como um produtor de tratores. Mas ele viu que os carros de Gran Turismo levavam as mesmas peças dos seus tratores, montadas de maneira diferente, e custavam cerca de três vezes mais. Além de um sonho, parecia um bom negócio.
Com as melhores partes que poderiam ser encontradas na época, o modelo de série começou a ser fabricado um ano depois, com motor V12 de 3.5 l e velocidade máxima de 250 km/h. Ferrucio era considerado um chefe bastante exigente na linha de montagem. Diz-se que quando as coisas não saíam do seu jeito, ele mesmo “arregaçava as mangas” e mostrava como deveria ser feito.
A primeira década foi de elogios aos superesportivos, mas Ferruccio perdeu em 1972 um grande contrato para fornecer tratores ao governo da Bolívia e se viu obrigado a vender 51% da Automobili Ferruccio Lamborghini. O comprador foi o industrial suíço Georges Henri Rossetti. Cerca de um ano depois, o empresário vendeu o restante do seu sonho para René Leimer. Em seguida, ele também se desfez da marca de tratores, que se mantém até hoje.
Depois de nomear seu filho Tonino para cuidar do restante do grupo – restaram apenas os negócios de válvulas hidráulicas e aquecimento -, Ferrucio Lamborghini se aposentou e passou a produzir vinhos. Como buscava excelência em tudo que fazia, os vinhos de Ferrucio chegaram a receber prêmios e depois ficaram conhecidos como “Sangue de Miura” – nome de um de seus carros de sucesso. Ele morreu em 20 de fevereiro de 1993.
Mesmo com a saída do fundador, a empresa seguiu seu rumo com os mesmos objetivos. No entanto, a crise do petróleo de 1973 fez com que os motores mais potentes (e “beberrões") se transformassem em vilões. A fábrica estava ociosa e a Lamborghini sobreviveu por alguns anos por causa de uma parceria com a BMW. Com apenas 237 carros entregues entre 1978 e 1982, a Lamborghini entrou em falência e foi comprada por dois irmãos, que tinham um “império” de produção de açúcar no Senegal. Tentando recuperar a empresa, os dois investiram no projeto mais “peculiar” para a marca: um off-road com motor V12, lançado em 1986. O primeiro LM 002 foi entregue ao rei do Marrocos.
Em 23 de abril de 1987, a americana Chrysler comprou a Lamborghini. Embora o gosto americano combinado à agressividade do “touro” italiano não tenha feito muito sucesso, foi neste período que a marca teve sua estreia na Fórmula 1 – a rivalidade com a Ferrari ganhava as pistas de corrida. Em 1993, Ayrton Senna testa o motor Lamborghini em sua McLaren, mas a Peugeot acabou como fornecedora para a temporada seguinte, encerrando a história da marca italiana na competição.
Em 21 de janeiro de 1994, a Chrysler vendeu a empresa para um grupo de investidores da Indonésia. Buscando parcerias para lançar um carro menor, chamado de “baby lambo”, a empresa procurou a Audi, que já fazia parte do Grupo Volkswagen, dirigido então pelo neto de Ferdinand Porsche – o criador do Fusca. Em 28 de junho de 1998, a Lamborghini passou para as mãos do Grupo Audi. Entre 1963 e 2003, a marca italiana produziu 9.426 unidades (tirando protótipos e modelos únicos). Na última década, a produção se intensificou, e as vendas atingiram 2.197 unidades em 2012. Atualmente, a Lamborghini tem cerca de 120 lojas e representantes pelo mundo.