Com o know-how de produzir 400 tratores por mês na
Itália, ele então funda em maio de 1963 um local para a produção de veículos
esportivos, na pequena cidade de Sant'Agata Bolognese. Nascido em 28 de abril
de 1916, Ferruccio era do signo de touro, que virou o símbolo de sua empreitada
e caracterizava bem sua índole impetuosa. Para erguer a fábrica, o empresário
fez um acordo com a prefeitura da cidade, garantindo emprego para os
trabalhadores locais, e recebeu um empréstimo sem cobrança de juros. Cerca de
um ano depois, a planta já estava pronta para produzir.
O primeiro modelo foi lançado antes mesmo de terminar a fábrica. No
salão do automóvel de Turim de 1963, a Lamborghini 350 GTV ganhou fãs pela
primeira vez, mas o projeto de superar a Ferrari ainda era visto com muita
desconfiança, ainda mais por Ferruccio ser conhecido como um produtor de
tratores. Mas ele viu que os carros de Gran Turismo levavam as mesmas peças dos
seus tratores, montadas de maneira diferente, e custavam cerca de três vezes
mais. Além de um sonho, parecia um bom negócio.
Com as melhores partes
que poderiam ser encontradas na época, o modelo de série começou a ser
fabricado um ano depois, com motor V12 de 3.5 l e velocidade máxima de 250
km/h. Ferrucio era considerado um chefe bastante exigente na linha de montagem.
Diz-se que quando as coisas não saíam do seu jeito, ele mesmo “arregaçava as
mangas” e mostrava como deveria ser feito.
A primeira década foi de elogios aos superesportivos, mas Ferruccio
perdeu em 1972 um grande contrato para fornecer tratores ao governo da Bolívia
e se viu obrigado a vender 51% da Automobili Ferruccio Lamborghini. O comprador
foi o industrial suíço Georges Henri Rossetti. Cerca de um ano depois, o
empresário vendeu o restante do seu sonho para René Leimer. Em seguida, ele
também se desfez da marca de tratores, que se mantém até hoje.
Depois de nomear seu
filho Tonino para cuidar do restante do grupo – restaram apenas os negócios de
válvulas hidráulicas e aquecimento -, Ferrucio Lamborghini se aposentou e
passou a produzir vinhos. Como buscava excelência em tudo que fazia, os vinhos
de Ferrucio chegaram a receber prêmios e depois ficaram conhecidos como “Sangue
de Miura” – nome de um de seus carros de sucesso. Ele morreu em 20 de fevereiro
de 1993.
Mesmo com a saída do fundador, a empresa seguiu seu rumo com os
mesmos objetivos. No entanto, a crise do petróleo de 1973 fez com que os motores
mais potentes (e “beberrões") se transformassem em vilões. A fábrica
estava ociosa e a Lamborghini sobreviveu por alguns anos por causa de uma
parceria com a BMW. Com apenas 237 carros entregues entre 1978 e 1982, a
Lamborghini entrou em falência e foi comprada por dois irmãos, que tinham um
“império” de produção de açúcar no Senegal. Tentando recuperar a empresa, os
dois investiram no projeto mais “peculiar” para a marca: um off-road com motor
V12, lançado em 1986. O primeiro LM 002 foi entregue ao rei do Marrocos.
Em 23 de abril de
1987, a americana Chrysler comprou a Lamborghini. Embora o gosto americano
combinado à agressividade do “touro” italiano não tenha feito muito sucesso,
foi neste período que a marca teve sua estreia na Fórmula 1 – a rivalidade com
a Ferrari ganhava as pistas de corrida. Em 1993, Ayrton Senna testa o motor
Lamborghini em sua McLaren, mas a Peugeot acabou como fornecedora para a
temporada seguinte, encerrando a história da marca italiana na competição.
Em 21 de janeiro de 1994, a Chrysler vendeu a empresa para um grupo
de investidores da Indonésia. Buscando parcerias para lançar um carro menor,
chamado de “baby lambo”, a empresa procurou a Audi, que já fazia parte do Grupo
Volkswagen, dirigido então pelo neto de Ferdinand Porsche – o criador do Fusca.
Em 28 de junho de 1998, a Lamborghini passou para as mãos do Grupo Audi. Entre
1963 e 2003, a marca italiana produziu 9.426 unidades (tirando protótipos e
modelos únicos). Na última década, a produção se intensificou, e as vendas
atingiram 2.197 unidades em 2012. Atualmente, a Lamborghini tem cerca de 120
lojas e representantes pelo mundo.