23 janeiro 2015

Futebol de Rua

Aqueles trapos, nas portas de banco, sob viadutos, nas praças, nem cor têm. Garrafas, barbas, sacos de pano, papelões, jornais, arames, caixas, latas, crianças, piaçabas, cacos, paus, galões, merda, pregos, cachorros, mosquitos e eles misturados a tudo, um único garrancho.
De tardinha socam uns panos e papeis numa meia ou cueca, amarram e usam os arbustos ou portas ou postes ou carros como traves, aos cavacos, caneladas, tombos, xingamentos, uns caem e sangram e ficam rindo sem dentes, se amontoam se sai gol, aos trambolhões, soltam cheiros, gritos, suores, até ficar de noite e sumirem no marrom, no cinza, no preto...
Fica assim de gente vendo.
Torcendo.
Até batem palma dependendo da jogada.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)