Não são muitos, nem têm valor – imitações de
lata –, mas sujam demais com as paredes caiadas e as telhas naquele estado.
Duas,
três vezes por dia, ele garante o brilho possível.
Ficam sobre três prateleirinhas de tábua, no
meio de canecas de festival de chopp, calendários, pesos de papel, um santo de
gesso e um retrato do time de 72.
É
nele que ele jogava. Agachado, na ponta-esquerda, cabelo empastado.
Todo sépia, comido nas pontas, sem vidro,
moldura solta.
O
time nem existe mais – a salinha é no fundo da loja do antigo presidente.
Faz a faxina de graça só pra olhar o retrato e
os troféus – natureza morta.
É
ele quem lhes dá um pouco de vida.
Ou o inverso.
(Texto
de Luiz Guilherme Piva)