Segundo
uma versão mais tradicional, o pênalti apareceria em 1890, inventado pelo
irlandês William McCrum, durante um match do campeonato do condado de Armagh,
na Irlanda do Norte.
McGrum
era dono de uma fábrica de tecidos e adorava ser o goalkeeper de seu time, o
Milford Football Club.
Um dos problemas do football em seu
princípio era o das faltas muito próxima às traves, que geravam discussões e
brigas.
Numas
dessas discussões durante um jogo, para resolver o problema, Mc- Crum contou 12
jardas (cerca de 11 metros), marcou com tinta branca um lugar na grama, pôs a
bola ali e sugeriu que um adversário a chutasse, um direct free kick, com ele
debaixo do travessão, sem ninguém mais no meio.
Propôs
essa solução sempre que acontecesse um foul ou hands na grande área ou the box.
Surgia, assim, o “chute da morte”, como o pênalti foi inicialmente chamado na Irlanda.
Se a ideia do pênalti é atribuída ao
irlandês McCrum, sua oficialização aconteceria em virtude de uma polêmica no
futebol inglês.
Em 1891,
os clubes Stoke e Notts Country disputavam, em Trenton Bridge, uma partida das
quartas de final da Taça da Inglaterra.
Perto do
final do jogo, o Notts ganhava por 1 x 0, quando um de seus zagueiros tirou com
a mão, dentro da área, uma bola que ia adentrar a meta.
O juiz marcou a infração,
determinando tiro direto do local em que acontecera o toque.
Para
evitar o tento adversário, os onze jogadores do Notts Country fizeram uma quase
intransponível barreira sobre a linha do gol.
O Stoke
protestou, mas a arbitragem nada fez.
Na cobrança, um chute violento, mas
que foi contido pelo corpo dos atletas do Notts Country. Pouco depois, o juiz
apitou o final da partida.
Indignados
com a derrota, os dirigentes do Stoke protestaram junto a Federação Inglesa
(FA), pedindo a anulação do jogo ou a decretação do empate.
A
Federação confirmou a vitória do Notts, mas, ante a repercussão, resolveu levar
o caso à International Board, o organismo responsável por gerir as leis do
jogo.
Em reunião a 2 de junho de 1891, em
Glasgow (Escócia), a International Board modificou as regras quanto a infrações
dentro da grande área.
Nesses
casos, ficaria estabelecida a cobrança de um tiro livre de 12 metros (anos mais
tarde foi reduzido a 11 metros), ficando no lado atacado apenas o goleiro, na
defesa das redes.
A nova
regra foi bastante criticada de início, pois sendo o football um esporte para
cavalheiros, não era digno ou nobre aproveitar-se da grande vantagem
representada pelo pênalti para fazer um tento – tanto que havia equipes que se
recusavam a cobrá-lo.
Ainda nos primeiros tempos, o
pênalti podia ser cobrado de qualquer ponto, desde que distante 11 metros do
gol.
Quanto a
William McCrum, o destino não foi dos melhores. Morreu só, pobre, abandonado
pela esposa. Nos últimos anos da sua vida, entregue ao vício do álcool, usou a
fortuna da família para pagar dívidas de jogo nos cassinos de Monte Carlo. Faleceu
numa pensão de Armagh, nas vésperas do Natal de 1932. Em 1988, a cidade de
Milford, sua cidade natal no condado de Armagh, homenageou o inventor do
pênalti com um busto e uma placa informativa, com o referendo da Footbal
Association Board.
O
pênalti, fomentador de “heróis e vilões” do futebol, foi adotado como forma de
desempate em jogos no ano de 1952, na Copa da Iugoslávia.
Isso, porém, não era ainda
oficializado pela FIFA.
Até
1970, todos os jogos eliminatórios que não apresentassem vencedor teriam uma
partida desempate a ser marcada posteriormente ou se saberia o ganhador por
meio de um sorteio.
Em 1968,
Yosef Dagan, membro da Federação de Futebol de Israel, enviou uma carta à FIFA
propondo a criação/oficialização da decisão por pênaltis, por critério de
justiça. A carta se relacionava à eliminação de Israel dos Jogos Olímpicos
daquele ano diante da Bulgária, nas quartas-de-final através de sorteio após o
empate de 1 x 1.
Em 1970, a Football Association
Board oficializou as cobranças de pênaltis como forma de decidir qual o
vencedor após um confronto empatado.
Mas
demorou 12 anos para que acontecesse uma primeira decisão por pênaltis numa
Copa do Mundo: na Espanha, em 1982, nas semifinais, num jogo vencido pelos
alemães por 5 x 4 sobre a França.
(Texto de Aírton de
Farias)