Dois times só de
craques, todos executando suas funções no extremo da perfeição, acertando todos
os passes e lançamentos, todos os dribles, cruzamentos, chutes, atacando e
voltando, alternando posições, como duas companhias de balé se misturando no
palco em articulada coreografia, se entremeando, aproximando, afastando,
misturando, distribuindo-se, aglomerando-se, formando arranjos em torno da bola
sem nunca ninguém errar nada.
Sabia que não daria certo. Porque os zagueiros também não
falhariam. Nem os goleiros. Todos seriam espetaculares.
E, com isso, não
haveria gols.
Seria um futebol maravilhoso, mas intransitivo.
O futebol
conceitual. Platônico. Metafísico.
Mas sem gol.
E futebol sem
gol não serve para nada.
Exceto para fruir na imaginação.
Mas era o que
ele gostava.
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