Montei o time
com quatro zagueiros,
três volantes pelo meio,
os laterais e um
no ataque
– um centroavante de araque.
A ordem era
jogar bem fechadinho,
chegar junto, dar carrinho,
fazer cera e dar
chutão.
Nada de toquinho, nem jogada,
só tentar bola
parada
pra aproveitar a confusão
– nosso atacante
é grandalhão.
Estávamos tomando um sufoco,
então reforcei
um pouco
e tirei o centroavante
– botei um beque
flutuante.
Tranquei ainda mais nossa defesa,
verdadeira
fortaleza,
e mandei baixar o pau:
no craque deles
logo deram quatro
(isso aqui não é teatro,
nem espaço
cultural!)
– o cara era infernal!
Então o juizinho
sem-vergonha
(um palerma, um pamonha)
expulsou meu
capitão.
O sururu foi se configurando,
eu cheguei logo
avisando:
vou te encher de bofetão!
Quando ele
exibiu-me o vermelho,
dei-lhe um chute no joelho
e ele chamou a
guarnição
– que me levou pro camburão.
Meu time ainda
perdeu mais um zagueiro,
um lateral e o goleiro
pouco antes do
intervalo
– o juizinho era um safado!
Os outros bem
que lutaram bastante
mas o placar, tão humilhante,
mostra o assalto
incomum.
O resultado foi um despautério:
terminou
quatorze a zero,
um roubo claro, a olho nu!
– se ao menos
fosse sete a um…
(Sete a um, eu me lembro muito bem.
Sete a um, eu me
lembro muito bem).
(Texto de Luiz Guilherme Piva)