Viam-no com o teodolito para todo lado, demarcando
fronteiras e rotas, resolvendo pendengas de divisas, delimitando e mapeando o
que era ignorado ou contencioso.
Aos domingos, assíduo nos jogos, começou a ser consultado
sobre impedimentos duvidosos porque uma ameaça de linchamento do bandeirinha se
dissipou quando ele interveio e disse que o auxiliar estava certo. Bastou:
anulou-se o gol e ninguém discutiu.
Nos muitos meses em que ficou por ali, até que as obras o
levassem para outra região, era obrigatório, nos jogos, que o juiz e os
bandeiras, na dúvida, olhassem para ele, sempre sentado no degrau mais alto, na
linha do meio de campo.
Ele fazia o sinal com o polegar, para cima ou para baixo,
para validar ou não a decisão do bandeirinha.
E ninguém discutia.
O problema foi quando ele partiu. Na primeira partida,
numa polêmica, lincharam o bandeirinha. Ninguém mais quis exercer a função.
Até hoje, me dizem, jogam sem bandeirinhas. O juiz deixa
que os jogadores se entendam. Não havendo acordo, acaba o jogo.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)