Jucanço, alto, cabeça oca. Nunca viajou. Gostava de canja
e de zona. Goleiro.
Lubinito ainda é açougueiro. Aprendeu espanhol. Fedia como
um sarnento e não falava nada. Centroavante.
Nhê era espírita e faxineiro. A voz fininha, fininha.
Vinha de carroça, dando milho na estrada. Meio-campo.
Minínu ninguém sabia de onde era. Bebeu raticida quando a
mulher se foi, mas deu sorte. Branquelo. Tocava gaita. Zagueiro.
São os que sobraram. Um dia, no caminhão que tombou,
morreram seis. O time acabou.
Às vezes se veem por acaso, na quermesse, luzinhas
chinesas, pastéis, cachaça, funk, gritos. Mas se evitam, afastam-se, sozinhos.
Não era nada. Um timinho de jogar aos domingos nas roças
que durou algum tempo. A maioria nem se lembra.
Um ou outro, bem mais velho, é que, quando os vê por ali,
nas barracas, fala de partidas, vitórias, derrotas. “O Lubinito, de esquerda…”. “Teve uma vez um clássico…”. “No ângulo, no ângulo! – e o Jucanço pegou!”. “Um que eu não lembro o nome, que espanava tudo…”.
Mas, quando estouram os rojões, todos param pra ver a
chuva de cores e de fumaça – e o assunto acaba.
Assim como o time.
Como os fogos.
Como a vida.
E como este texto.
De repente.
Texto de Luiz Guilherme Piva, autor de “Eram todos camisa dez” (Editora Iluminuras).
Texto de Luiz Guilherme Piva, autor de “Eram todos camisa dez” (Editora Iluminuras).