Às vezes ajudava a mãe a preparar as coisas pra vender na
rodoviária, mas logo se mandava pro campinho.
Comigo, nem pensar. Veio conhecer o ponto, expliquei tudo
(grupo, dezena, os rateios), não quis saber. Deu uma brecha e sumiu.
Mas nunca deu trabalho. Chegava sujo, tomava banho,
deitava, de manhã saía pra escola – mas ia nada, só quando não arrumava pelada
no caminho.
Bom, agora taí. Moço, alto. Diz que vai embora. Tentar um
time numa cidade maior. Fala nisso o dia todo. A gente tenta mudar a cabeça
dele, mas vai dizer o quê? Pra vender sacolé, fazer jogo do bicho?
O medo é de que ele não volte nunca mais.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)