Claro, risonho, tagarelava com punhos, palmas e
dedos – as vírgulas e os pontos feitos por gemidos.
Que
jogara bola, fizera gols, viajara. Que conhecera craques.
Que
uma vez no Rio, certa ocasião na várzea, muitos anos em Colatina, um jogaço em
Manhuaçu, três petardos num amistoso, um retrato com o Vavá – e ria quando os
ouvintes – ou leitores – batiam as costas da mão sob o queixo dizendo que era
tudo mentira.
Uns até apontavam o indicador pro pescoço e
sopravam o ar como o de uma bola quando murcha – “papo furado”, meu pai
traduziu quando vi.
Barulheira
de verdade era quando o Botafogo vencia.
Dia seguinte, batata: ao silêncio de todos ele
impunha o gestual altissonante celebrando a estrela e as listras no peito.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)