O ajeru resmungava, reclamava e xingava o dia inteiro.
O dono tentou amansar o louro, lendo poesia, tocando música
clássica, mas não teve jeito.
Passou a gritar, bater, ameaçar, mas o papagaio ficava pior e
pior.
Num momento de fúria, o dono pegou o louro e jogou dentro do
freezer.
O papagaio começou a xingar de tudo quanto era nome, mas
subitamente, menos de 20 segundos depois, calou-se sem terminar o último
palavrão.
Pensando ter matado a ave indecente, o dono abriu a porta do
freezer e o louro começou o discurso:
- Sei que meu linguajar tem sido mais do que inapropriado a este
ambiente familiar e que minha atitude não condiz com a atenção que o senhor tem
me dado. Gostaria de apresentar minhas sinceras desculpas e colocar que daqui
em diante me portarei adequadamente.
- Isso é bom mesmo! - retruca o dono.
E o louro, quase chorando perguntou:
- Só por curiosidade, o que foi que o frango fez?