No saco de plástico, papéis, restos de lixo, objetos
inúteis.
E uma bola rota.
Que, à noite, ele tirava do saco, alisava, cheirava, punha
debaixo do pé, levantava e controlava em embaixadinhas macias por minutos sem
fim.
Depois de guardar a bola é que ele se deitava e dormia nos
papelões e panos imundos.
Nunca pedia nada. A comida era dada, ou faltava,
espontaneamente.
Só a bola. Sempre que uma furava, ele, em abstinência,
insistia fortemente com passantes, lojistas e moradores.
Até ganhar outra.
E voltar pro seu sossego.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)