27 fevereiro 2014

Filosofia de Bar

O amor é como a gasolina da vida. Custa caro, acaba rápido e pode ser substituído pelo álcool.
Troque seu coração por um fígado. Você se apaixona menos e bebe mais.
Cerveja sem álcool é igual travesti: a aparência é igual, mas o conteúdo é bem diferente!
Vou seguir o caminho da luz e pagar minha conta de energia, caso contrário a escuridão tomará conta de meu ser.
Se querer fosse poder, todo mundo já tinha ganhado sozinho na Mega Sena.
Era tão soberbo que só transava usando camisinha Lacoste.
Tem gente que quanto mais vai a idade mais cresce a vaidade.
Nunca diga para sempre, sempre diga para hoje.
Coitado, casou-se achando que tinha encontrado uma puta mulher, mas encontrou foi um mulher muito puta.
O Facebook é o maior antro de fofocas de todos os tempos.
Eu só tenho uma certeza na vida, a única coisa que a ciência jamais vai explicar é o cérebro feminino.
Eu vivo um dia de cada vez, que esse negócio de um dia atrás do outro me parece surubada.
Tudo é relativo, menos restaurante de comida à quilo, que é no peso.
Mentiras são como crianças. Dão trabalho, mas valem a pena, porque o futuro depende delas.

20 fevereiro 2014

Sorte Grande

Maiores Prêmios da Mega Sena (Cidade do Ganhador)
01) 1220 R$ 119,1 milhões (10/2010; Fontoura Xavier-RS)
02) 1575 R$ 111,5 milhões (02/2014; Santa Bárbara d’Oeste-SP)
03) 1455 R$ 081,5 milhões (12/2012; Aparecida de Goiânia-GO)
03) 1455 R$ 081,5 milhões (12/2012; Franca-SP)
04) 1455 R$ 081,5 milhões (12/2012; São Paulo-SP)
06) 1545 R$ 080,4 milhões (11/2013; Mauá-SP)
07) 1295 R$ 073,4 milhões (06/2011; Santo André-SP)
08) 1140 R$ 072,4 milhões (12/2009; Brasília-DF)
08) 1140 R$ 072,4 milhões (12/2009; Stª Rita do Passa Quatro-SP)
100188 R$ 064,9 milhões (10/1999; Salvador-BA)
11) 1315 R$ 063,9 milhões (08/2011; Aracaju-SE)
12) 1560 R$ 056,1 milhões (12/2013; Maceió-AL)
12) 1560 R$ 056,1 milhões (12/2013; Teofilândia-BA)
13) 1560 R$ 056,1 milhões (12/2013; Curitiba-PR)
14) 1560 R$ 056,1 milhões (12/2013; Palotina-PR)
16) 1094 R$ 055,8 milhões (07/2009; Rio de Janeiro-RJ)
17) 0832 R$ 052,8 milhões (01/2007; Goiânia-GO)
18) 0679 R$ 051,8 milhões (07/2005; Rio de Janeiro-RJ)
19) 1559 R$ 051,4 milhões (12/2013; Olímpia-SP)
20) 0191 R$ 050,9 milhões (10/1999; Campo Grande-MS)

19 fevereiro 2014

Doutor da Bola

Ocorreu por ocasião da primeira vez em que Doutor Sócrates jogou no Pacaembu, pelo Botafogo de Ribeirão Preto contra o Corinthians, na época em que além de jogar como profissional, estudava Medicina na USP de Ribeirão.
O jogo seria numa quarta-feira à noite em São Paulo e coincidia com uma prova que ele teria na Faculdade no mesmo dia, no período da tarde. Ao constatar o problema foi comunicar aos dirigentes do Botafogo que não poderia jogar, pois sua prioridade era o curso de Medicina, e perder a prova significava perder o ano.
De imediato os dirigentes elaboraram uma estratégia, pois ele era o jogador mais importante do time e sua presença era indispensável. Combinaram que um taxi o esperaria na saída da Faculdade e assim que ele terminasse a prova o levaria direto para o estádio (naquela época não havia voo de Ribeirão para São Paulo).
Quando o taxi chegou ao Pacaembu, faltavam cerca de 15 minutos para o horário do jogo. O motorista na frente do estádio pergunta então ao Magrão por onde entrar, ao que ele responde não ter a menor ideia, pois era a primeira vez que jogaria ali.
Com sua calma habitual, dispensou o motorista, desceu do taxi e concluiu que só teria uma forma mais rápida de entrar: simplesmente foi até a bilheteria e comprou uma entrada!
Já dentro do estádio, localizou o túnel por onde deveria entrar o Botafogo e encostou no alambrado, no ponto mais próximo.
Ao tentar argumentar com um guarda que precisava entrar, pois tinha que jogar, ouviu do segurança uma sonora gargalhada! Quando o guarda já se preparava para pedir reforço para deter aquele grandão maluco, um dirigente do Botafogo que estava na beira da entrada do túnel finalmente viu o Magrão e imediatamente orientou: “Pula o alambrado!”
Imaginem a cena; minutos antes de o time entrar em campo, um grandão magro vestido de branco pula o alambrado, acompanhado do olhar estupefato dos guardas e entra correndo túnel abaixo.
Nesta hora o time do Botafogo que já estava no túnel, interrompe a entrada e o Magrão troca de roupa na escada e entra para jogar sem aquecimento, nem nada.
Perguntado sobre o resultado do jogo ele respondia que houve empate e ele fez 2 gols! (Na verdade, ele empatou o jogo em 1 a 1 aos 30 do primeiro tempo, foi substituído, esfalfado no segundo e o Botinha acabou goleado por 4 a 1).
Para terminar a história, argumentava: “Eu devia entrar para o Guiness, pois devo ser o único jogador profissional que pagou para jogar!”
(Texto do Dr. Turíbio Leite de Barros)
Neste 19 de fevereiro de 2014, o saudoso Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o nosso Dr. Sócrates, completaria 60 anos.

17 fevereiro 2014

13 fevereiro 2014

11 fevereiro 2014

Final dos Pesadelos

Nunca poderá haver final entre Brasil e Argentina numa Copa.
Certas coisas devem existir somente como possibilidade. Temidas ou desejadas ao extremo, elas são muito melhores quando pensadas: “já imaginou se?”, “só de pensar me dá um troço esquisito”, “nunca mais o mundo será o mesmo” – e por aí.
A coisa imaginada não deve ocorrer. Porque extinguiria o que a ideia tem de supremo.
Porque a realidade será sempre muito menor.
Uma final de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina está nesta categoria. Ela é muito melhor – corrijo: só é fantástica – assim: não acontecendo jamais.
Se ocorrer, com sua mesquinhez de lances reais, com o fatídico resultado concreto, com as versões, teipes e discussões, tudo perderá tensão, prazer, pavor.
Que joguem em amistosos, torneios, eliminatórias, que se matem e se amem em qualquer lugar – até em semifinais de Copa, se preciso. Mas em final de Copa, não.
Devem seguir o exemplo de América e Pombense, de Rio Pomba.
Rivais mortais, só jogaram duas vezes entre si em mais de cem anos. Uma no início e outra no final do século XX. Foram dois empates – se não me engano, sem gols.
E a cidade, pequena, se agiganta de prazer e pavor imaginando o que seria se voltassem a se confrontar. Mas todos sabem que isso não deverá e não poderá ocorrer.
Preferem até que haja a guerra mundial, o choque entre planetas, a fome e a peste, a cura de todas as doenças, a felicidade e o dinheiro fartos.
Estou com eles.
Tudo, menos a final de Copa entre Brasil e Argentina.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)
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09 fevereiro 2014

A Mãe e a Bola

Ele devia ter jogado futebol. Mas não. Nasceu com a maldade e só viveu para ela. Moleque, punha passarinho vivo na bacia de água quente; rapaz, roubava dos vizinhos; adulto, brigava, xingava, sumia.
No mesmo beco, os meninos jogando bola e ele sozinho, não falava. Com a família, grande, pobre, a mãe velha e quase surda, só aos gritos.
E assim foi.
Mais do que adulto, roubos maiores. Prisões. Fugas. Tiros no peito, na barriga, no pescoço. Surras de polícia e de bandido.
A magreza, os ex-dentes, as cicatrizes, as desfigurações. Cirurgias, sangramentos, fomes e comas. A morte tentava, mas não conseguia.
Até que, quase velho, voltou pra casa da mãe, sozinha, mais do que velha, surda.
Ele e ela. Calado, abafada. Outros meninos, como os antigos e os de sempre, jogando bola no beco. Ele não olhava.
Parou de roubar, de ser preso, de apanhar, de levar tiro e facada. Nos cantos. Sem conversa. Sem nada.
A única coisa era, todo fim de tarde, a pedido da mãe, ligar um disco de que ela gostava. Ela sentava e ouvia inteiro, de olhos fechados. O volume no máximo.
Nem sabia se a mãe ouvia. O sol no fim. Ele ali, ela lá. Ele em dó, ela em si.
Quando acabava o disco ela reabria os olhos – e refechava os ouvidos.
Um dia, não abriu mais.
Então, o então.
Todos os dias seguintes, por dois meses, ele ligou o mesmo disco. E o beco ouviu as músicas e o seu choro alto como de um surdo gritando.
Todo dia.
Até morrer.
Sem nunca ter jogado bola.
Mas devia.
(Texto de Luiz Guilherme Piva) 

05 fevereiro 2014

A Dor da Derrota

Mas, nem só de flores vive quem se arrisca neste meio.
Uma derrota dói, mas dói muito mais do que se imagina.
E a dor se inicia ainda dentro da arena quando saímos de campo.
Sentado num banco qualquer do vestiário parece que a vida se nega a passar.
Apesar do movimento, ainda que triste, que nos cerca, há como que um bloqueio instantâneo na memória e na percepção.
Len..ta...men…te começamos a retirar do corpo as vestes que nos acompanharam naqueles 90 minutos de jogo.
Sujas e desconjuntadas, parecem trapos.
Eu mesmo sempre me senti um farrapo — se é que podia me considerar alguma coisa naquele momento.
A fronte caída e os braços arqueados desnudavam liminarmente o estado de espírito.
Encaminho-me ao chuveiro para, quem sabe, extirpar o dissabor instalado.
A água gelada não produz grandes transformações.
Pouco a pouco o silêncio se instala.
Olho para os lados e vejo ninguém.
Todos haviam se retirado sorrateiramente como a esconder certa vergonha e incompetência.
Vestindo-me, relembro eventos anteriores de extrema felicidade e prazer.
O contraste piora ainda mais o meu humor.
Reflito sobre as incongruências que o cotidiano nos oferece com incômoda freqüência.
Avaliações insanas e obcecadas.
Num dia somos deuses do Olimpo e Eros é perene a nosso lado.
Já no outro nos tornamos pessoas vis e descartáveis.
É muita incoerência a nos desafiar.
A nos tocar fundo na alma e mexer com nossos mais escondidos sentimentos.
É como se nos descobrissem inevitavelmente.
Uma estranha invasão. Que nos provoca, fere e mata um pouco a cada segundo.
Mas é de uma riqueza tão profunda quanto dolorida.
No caminho de casa tento esquecer os fatos recentes. Impossível.
Aquela bola que cruzei poderia ter sido mais lenta, mais à frente ou um pouco mais alta. Facilitaria a conclusão.
Meneio a cabeça. Não há como modificar o que se passou.
Volto à realidade.
Porta de casa, passos largos — enfim no meu abrigo.
Ele há de me proteger, saciar e aliviar. Procuro por companhia e nada. A solidão talvez seja a melhor companheira neste instante. Estatelo-me no sofá. Bebo alguma coisa que relaxe, me envolva e devolva o bem estar perdido. O líquido rarefeito invade a garganta com sofreguidão. Não me seduz. Esqueço-o.
Aquele lançamento no contra-ataque que tinha tudo para ser certeiro desviou na zaga. Centímetros à direita ou à esquerda possibilitariam a perfeição. Um erro, um único erro que poderia ter sido evitado. Sem ele teríamos tido mais chances e a derrota talvez não acontecesse. E eu não estaria deste jeito.
Doces sonhos!
Corro em busca de uma música que acalme e me encante. Infelizmente me sinto mais triste. Uma convulsão sentimental ataca e expele algumas lágrimas fugidias que escorrem por meu rosto cansado.
Aquela falta batida na intermediária tinha o destino certo. Deveria cair à frente do goleiro e escorregar por baixo de seu corpo. Sairíamos ganhando e nada nos tiraria a vitória.
Puro devaneio!
Estou arrasado. Mesmo com todo o esforço despendido, entregando-me às últimas consequências, sinto-me um nada, um zero à esquerda. É como se me tivessem tirado a consciência. Não consigo articular sequer um raciocínio lógico. O vazio cerebral se instalou de forma absoluta.
Pego um livro e não consigo construir suas imagens. Nada me consegue seduzir.
Resolvo tentar dormir. Vagarosamente me encaminho para o leito. Deito-me. Fecho os olhos mas as imagens não se afastam nem por um instante. Corroem-me por dentro. Vejo, como se fosse real, um cruzamento vindo da direita. O jogo ainda estava empatado. A bola vem limpa. Mato no peito ainda fora da área, driblo o primeiro zagueiro que se aproxima, coloco no meio das pernas do segundo e me vejo cara a cara com o goleiro. A multidão se levanta e grita. Uma onda de otimismo invade meu ser. Escolho o canto. Desloco o arqueiro para um lado e toco mansamente para o outro.
Neste momento — por incrível que possa parecer é sempre assim —, um barulho ensurdecedor de um caminhão de lixo na minha porta, me desperta.
Suado, agitado e assustado, eu me vejo.
E tento recuperar o gol que permaneceu no sonho interrompido.
Que nada!
Ele nunca existiu. Só na vontade louca de modificar o que se passou. Irresponsavelmente tento voltar a dormir.
Impossível.
É mais uma noite de derrota que é infinita até a próxima vitória.
(Texto do Doutor Sócrates)

03 fevereiro 2014

Fresca Fujona

Uma loira andava num zoológico, passou pela jaula do leão e leu: "Cuidado com o leão"; depois passou pela jaula da onça e leu: "Cuidado: onça" e passou por uma jaula vazia onde leu: "Cuidado: tinta fresca" e saiu desesperada gritando: tinta fresca fugiu, tinta fresca fugiu!

01 fevereiro 2014

Foi Mal!

Guilherme é quase um cinquentão.
Nasceu em 1º de abril de 1964. Junto com a ditadura militar.
Na faculdade, Guilherme estudava Economia.
Conheceu Maria de Lurdes, a Malu, moça linda que cursava, na verdade, que frequentava de vez em quando, o curso de Filosofia.
Ela parecia um personagem saído da peça Hair.
Vestia roupas exóticas, era vegetariana, defensora da natureza, pacifista, não era nada vaidosa e totalmente desapegada do mundo real e capitalista.
Mas, como nas clássicas histórias de amor, os opostos se atraíram e o capitalista se apaixonou pela hippie.
Wall Street se encantou por Woodstock. É 1982.
Começaram o namoro no mesmo dia em que a Itália eliminou o Brasil na Copa do Mundo.
“Será um mau sinal, começar nosso namoro num dia tão triste?”, perguntou ele.
“Nada a ver”, respondeu ela, “azar no jogo, sorte no amor”.
Recém-formado, Guilherme começou a trabalhar em um banco. Mas, não gostou daquela vida monótona.
Incentivado pelo pai e por Malu, decidiu tentar a vida como fotógrafo, já que fotografava por hobby.
O começo foi difícil, mas depois de muita ralação, conseguiu se firmar como um profissional reconhecido.
O Guilherme economista era só uma foto na parede.
Depois de formada, Malu passou a trabalhar como professora que sonhava em mudar o mundo nas passeatas e com folhetos e manifestos utópicos.
Estamos em 1986. Embora alma gêmeas bivitelinas, o amor entre Guilherme e Malu era mais forte.
Casaram. No mesmo dia em que o Brasil foi eliminado pela França na Copa do Mundo.
Será que isso era o sinal de alguma coisa?
O casamento deles era um azarão.
Todos achavam que não ia durar.
Mas, um foi se adaptando ao temperamento do outro.
Estavam para completar oito anos de casados com apenas uma divergência séria.
Ele queria filhos, ela não.
Por um descuido, porém, engravidou.
Guilherme ficou radiante. Malu, conformada.
Em 1994 nascia Valentina, no mesmo dia em que o Brasil foi tetracampeão contra a Itália.
O tempo foi passando até que numa certa noite Malu revela, sem muito entusiasmo, que estava grávida de novo.
Guilherme fez uma festa. Principalmente, depois que soube que era um menino.
Artur veio ao mundo em 2002, e como você já deve desconfiar, no mesmo dia em que o Brasil foi pentacampeão.
As coisas pareciam normais, até o dia em que, já em 2010, a empregada ligou para Guilherme.
Malu, não fora trabalhar nem buscar os filhos na escola.
Dias depois de muito desespero, ligações a hospitais, necrotérios e delegacias, Guilherme recebeu um email da mulher que dizia: “Gui, fui. Foi mal.”
Doze letras e quatro palavras que mudaram a vida daquela família.
O impacto foi tão grande que Guilherme nem percebeu que o email chegou no mesmo dia em que a Holanda despachava o Brasil na Copa da África.
(Texto de RICARDO PIEROCINI)
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