27 abril 2014

Meu Doce Amor


Meu Doce Amor
(Amado Batista)
Quero te falar uma coisa
Que já não cabe em meu coração
Até que enfim nasceu pra mim uma paixão
Acho que não é mais segredo
Porque o meu olhar já entregou
Até que enfim nasceu pra mim um grande amor
Não saia nunca mais do meu abraço
Não deixe o meu corpo sem cobrir
E em todas as manhãs da minha vida
Eu prometo estar aqui
Não deixe minha boca sem teu beijo
Não se perca de mim na multidão
Sem teu amor guiando meu destino
Eu me chamo solidão
Ah, meu grande amor, meu doce amor, musa preferida
Ah, raio de luz, que iluminou toda a minha vida
Ah, meu grande amor, meu doce amor, musa preferida
Ah, raio de luz, o nosso amor é pra toda vida...

25 abril 2014

Ilusão de Ótica

Ao sair de casa pela manhã, a lavradora Maria Luísa Lopes, 84 anos, deu uma olhada na fachada de casa. Há um mês, a visão era familiar: paredes brancas e janelas verdes. No fim da tarde, quando voltou, o susto. No lugar da casa estava uma estrada de terra, rodeada por grama e por uma cerca de arame farpado. 
Estava na rua errada? Não. Todos os vizinhos pareciam estar no mesmo lugar - a Rua das Flores, no povoado de Morrinhos, a cerca de 40 quilômetros de Feira de Santana. Avistou o telhado e viu que o imóvel não tinha desaparecido. Mas... Cadê a porta? 
É verdade que a estrada, a grama e a cerca são comuns em Morrinhos.  Só que, nesse caso, não passava da fachada da casa onde mora desde que nasceu, com uma pitada de ilusão de ótica.
Quem olha rápido – e até quem olha atentamente – pode não perceber que ali existe uma fotografia adesiva, impressa em tamanho real e colada no que antes era a parede branca. A intervenção faz parte de um trabalho da artista visual Maristela Ribeiro, professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Há um ano, ela começou um projeto que pretendia mostrar a realidade de Morrinhos aos seus próprios moradores e ao mundo. 
Após oferecer oficinas de arte e fotografia à população, Maristela partiu para a última fase do projeto, que começou em dezembro e se estendeu até março. “Não encontrei nenhuma imagem da comunidade, que existe desde 1940. Imaginei trazer a paisagem regional e usar as casas como telhado”, afirma Maristela, que usa o projeto na pesquisa no doutorado em Artes na Universidade Federal da Bahia.
Apesar de chamar atenção dos quase 400 moradores e também dos forasteiros, a casa de dona Luísa não é a única: as paisagens de Morrinhos foram transportadas para outras nove das cerca de 90 residências do local.
“Meu objetivo era que as casas desaparecessem. Para mim, era uma metáfora sobre o esquecimento do local, sobre como essas pessoas são deixadas de lado e se tornam invisíveis”. Lá, a maioria dos moradores vive em casas de taipa, sem saneamento básico. A principal fonte de renda, além da agricultura familiar, é o Bolsa Família, segundo a pesquisadora.

21 abril 2014

Querido Locutor

A rádio só pegava ali na cidade mesmo. A cadeira na laje em cima da portaria, um moleque puxava os fios até a Kombi do eletricista na rua – que, com umas antenas e uns botões, estopa, alicate, óleos e molas, punha a narração pra funcionar.
Jogadores, torcedores e transeuntes ouviam tudo ao vivo. Mas em todos os cantos a voz chiada e tremida juntava grupos nas casas, nas lojas, nas vendas, nos postos – e, a cada menção, os tapinhas nas costas, os sorrisos, as mãos em taça nas mandíbulas abertas.
Os parentes dos jogadores a comprovar sua glória. Os amigos a salivar as saudações do narrador. Os anunciantes a entrever as ruas cheias de neons sonoros.
O speaker caprichava. Era um rapaz magrelo, que repetia umas poucas expressões dos locutores famosos em meio aos milhares de citações de todos os jogadores, amigos, autoridades e anunciantes.
Sucesso total.
Num domingo de Páscoa, porém, jogo festivo, o padre abriu o evento, na tribuna o prefeito e a família, a potência do som aumentada: mais fios, mais antenas e botões e, novidade maior, caixas de som nos quatro cantos do alambrado!
“Abrem-se as cortinas do espetáculo!”
Aquilo era mais emocionante do que o jogo.
Não deu cinco minutos, o chiado e o zunido vieram fortes. Um estalo assustou todo mundo.
Mas eis que os barulhos sumiram e a voz ficou clara, redonda, enlevada.
Só que era um curto-circuito num dos fios perto da Kombi, o eletricista em desespero porque ia dar pane em tudo, o narrador sem perceber seguiu seu trabalho (“Neca passa pro Elpídio, que bola bola!, Elpídio, dez é a camisa dele, a camisaria Paris é a que tem os melhores produtos com os menores preços”), o eletricista fez uma gambiarra malfeita e gerou uma onda de energia no sentido Kombi-microfone (“no mercado Céu Azul tem de tudo, e um abraço pra família Miranda, no Paraíso Alto, aquele café da Dona Mércia não tem igual, o Tecão do Sindicato, pro Seu Lima, da Funerária Recomeço, minha mensagem de amizade”) e chegou às mãos do speaker como um coice elétrico (“Elpídio, de primeira, saudamos principalmente o senhor prefeito e a sua senhora, a quem enviamos nossa mensagem especial…”), aí a descarga de alta voltagem colou sua mão no microfone, fez seu corpo sacudir de dor, e os palavrões saíram gritados, em série – “PQP! C…! Vai tomar no …! FDP!” – e repetiam-se sem parar.
O jogo parou. Os torcedores e jogadores olhavam pra cima. Nas casas, lojas, postos, mesmo na Casa Paroquial tinha gente ouvindo, mãos em leque na boca, um pavor.
Até que o eletricista conseguiu. O microfone parou de tremer. O speaker, sem lucidez, branco, fraco, tonto. Vendo os jogadores parados, e sem se dar conta do que se passara, fez a saudação final: “aqui se encerra nossa jornada esportiva dominical, fecham-se as cortinas do espetáculo!”.
A essa altura o cara da Kombi e o menino dos fios já tinham sumido. Ele respirou um pouco, recobrou as forças e, meio ausente, desceu da laje.
E sorriu, imaginando que brilhara: na sua frente, como nunca antes ocorrera, havia uma multidão.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)

20 abril 2014

Bodas de Vinho

O casal Kenneth e Helen Felumlee, de Ohio, nos Estados Unidos, morreu no último fim de semana com 15 horas de diferença, após 70 anos de casamento. Helen tinha 92 anos e faleceu em 12 de abril. Seu marido, de 91 anos, morreu na manhã seguinte. Segundo a família, ambos faleceram de causas naturais, próximos da família.
De acordo com os filhos, cerca de 12 horas após Helen morrer, Kenneth olhou para eles e disse: "mamãe está morta", e então começou a perder os sentidos. Ele foi cercado pela família e morreu no domingo pela manhã.
"Foi uma maravilhosa festa de despedida", disse uma das filhas, Linda Cody. "Ele estava pronto. Ele só não queria deixá-la aqui sozinha."
Os dois se casaram em 20 de fevereiro de 1944, após namorar por três anos, e tiveram oito filhos. Conforme a família, em 70 anos, os dois nunca dormiram separados. Mesmo em seus últimos dias, Helen e Kenneth tomavam café da manhã juntos, de mãos dadas.

17 abril 2014

Feliz Páscoa!

A Páscoa é a festividade mais importante para a religião cristã. Páscoa significa passagem e tem origem no termo hebraico Pessach. O "Domingo de Páscoa" celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. A data é comemorada após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera, no hemisfério Norte. A data é sempre entre os dias 22 de março e 25 de abril.
Durante os 40 dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa - período conhecido como Quaresma - os cristãos se dedicam à penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz. A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém - ocasião em que as pessoas cobriam a estrada com folhas da palmeira, para comemorar sua chegada. A Sexta Feira Santa, é o dia em que os cristãos celebram a morte de Jesus na cruz. O Domingo de Páscoa celebra a Ressurreição de Jesus e sua primeira aparição entre seus discípulos.

10 abril 2014

A Grande Família

José e Maria não viviam em paz. Seus filhos, Leo e Bia, nunca entenderam bem a relação dos pais e cresceram em meio a violência, hipocrisia e muitas mentiras.
Maria apanhava muito. Mas não era santa, já que traia José quase semanalmente.
Toda vizinhança sabia da relação conturbada, mas não desconfiava que chegaria as vias de fato, afinal, nada prendia Maria a José. Não tratava-se de um sequestro, mas sim de um casamento.
Se Maria estava lá é porque queria estar. José, então, é problema dela. Não dos vizinhos.
Um dia José informou em casa que havia convidado 2 casais de amigos para um churrasco. Maria questionou sobre a churrasqueira e José prometeu construir uma a tempo, já que o tal evento aconteceria apenas dali a 2 meses.
Em dúvida sobre a ideia, Maria questionou o preço da churrasqueira.
José disse que podia pagar. Que valorizaria o imóvel num futuro.
Maria aceitou. Sorriu, pensou na picanha e nas boas risadas que daria no tal churrasco.
Enquanto interditava o quintal para obras, José teve que desligar a máquina de lavar de Maria por alguns dias. Ela se irritou.
Discutiram. Rebelde, Maria disse que não queria mais receber ninguém.
José ponderou que já tinha feito a maior parte da obra, que seus amigos viriam de longe e que não era elegante e nem muito possível desfazer o convite.
Então, Maria surtou.
José a espancou mais uma vez. Chorando, foi ao banheiro tentar fazer com que ninguém ouvisse as lágrimas incoerentes de quem se mantém casada por vontade própria, mesmo que agredida constantemente.
A noite, foi pro samba trair o marido como “vingança”. E assim, entre socos e mentiras, mantiveram um lar de aparências, uma bomba relógio prestes a explodir.
Chegou o final de semana do tal churrasco. Ao acordar no sábado, prestes a ir ao aeroporto receber as visitas, José se deparou com Maria sentada amarrada a churrasqueira gritando: “Não vai ter churrasco!”.
José argumentou ainda ponderadamente que não dava mais pra cancelar. As visitas já haviam chegado e que não era prudente punir as visitas por problemas internos.
Afinal, que culpa tem os hospedes?
Rebelde, cansada, desgostosa com a própria omissão e covardia, Maria gritou mais alto. Não queria mais apenas se impor a José, mas sim a vizinhança inteira.
José a agrediu mais uma vez. Desta, sem deixar marcas para que as visitas não notassem.
As visitas chegaram e José foi logo mostrando a churrasqueira nova onde fariam o tal churrasco. As crianças foram receber as visitas e com a alegria e pureza de quem só enxergava uma tarde feliz em meio a tanta confusão.
Sentindo-se traída pelo marido, pelos filhos e principalmente por si mesma, Maria esperou todos sentarem, José acender o carvão e então desceu as escadas gritando que havia sido agredida.
As visitas não sabiam o que fazer. Maria se jogava no chão e contava barbaridades em prantos, como quem pede ajuda. Os vizinhos ouviram, se aproximaram, tentaram conter José, que já ameaçava agredi-la novamente.
Um tumulto daqueles. Veio a polícia, o bairro todo passou a saber que aquela família era uma mentira e José, violento.
Quebra-quebra, picanha voando, muita discussão e mesmo quando tudo se acalmou, não havia clima para churrasco.
Os hospedes se foram, a carne estragou. A churrasqueira, novinha, sofreu danos em meio a confusão. E Maria, agora vítima de um marido cruel aos olhos de todos, se via amparada por um monte de gente que não lhe dá a mínima.
A noite, quando todos vão embora, Maria se deita ao lado de José e faz sexo com ele.
Pela manhã, sai de casa ainda machucada e todos na rua olham com pena, com a certeza que ali vai uma mulher livre de seu marido cruel para não mais voltar.
Maria encontra seu amante. Passa a tarde com ele e volta para José, causando espanto na vizinhança.
Ao entrar em casa Maria olha as crianças, a churrasqueira quebrada, José bêbado no sofá e diz:
- Vamos consertar a churrasqueira?
- Porra, Maria! Tu quebrou tudo, estragou o churrasco, me fodeu na frente das visitas e agora quer que eu conserte a churrasqueira?!
- Agora que já fez, adianta deixar ai quebrada? Vê quanto é e conserta.
- E os nossos amigos, Maria? Como fica?
- Convide-os para um final de semana em casa e uma feijoada.
- Mas aí tem que consertar o fogão, trocar a cama e fazer um quarto de hospedes pra caber todo mundo!
- Tudo bem, José. É até bom. Valoriza o imóvel…
- E a gente?
- O que tem a gente?
- Tudo bem?
- Tudo. Normal… Você leva as crianças na escola?
- Levo…
------ (Texto de Rica Perrone)

08 abril 2014

06 abril 2014

Sorte Grande

O sujeito era famoso por ter uma sorte inacreditável. Na infância, nunca fora surpreendido quando fazia suas travessuras; no colégio, o pouco que estudava sempre caia na prova; no vestibular chutou todas as questões e ainda assim passou em primeiro lugar; no emprego, seus dois chefes imediatos morreram num intervalo de 6 meses, propiciando-lhe galgar um posto altíssimo; antes de completar 30 anos, herdou uma fortuna considerável de uma tia-avó distante e durante toda a sua vida era sempre visto ao lado das mulheres mais lindas.
Um dia porém, enfadado com a vida que nunca lhe apresentava nenhuma dificuldade, pediu uma licença e foi viajar pelo mundo. Na Índia, conheceu uma mulher lindíssima e logo os dois foram para a cama, onde ela se revelou fantástica durante a noite inteira. Quando acordou, viu que a moça ainda dormia e ficou por alguns momentos admirando o seu rosto sereno. De repente, uma coisa lhe chamou a atenção: o sinal que as mulheres hindús tem no meio da testa. Tomado de uma irresistível curiosidade, ele quis descobrir o que era aquilo. Com a ponta da unha do polegar, raspou aquela manchinha durante alguns instantes e, para sua surpresa, descobriu o que estava escrito embaixo: “Ganhou uma Mercedes”!

04 abril 2014

01 abril 2014