23 janeiro 2017

Sonho de Menino

Nunca foi de estudar, não. Negócio dele era bola, o dia todo.
Às vezes ajudava a mãe a preparar as coisas pra vender na rodoviária, mas logo se mandava pro campinho.
Comigo, nem pensar. Veio conhecer o ponto, expliquei tudo (grupo, dezena, os rateios), não quis saber. Deu uma brecha e sumiu.
Mas nunca deu trabalho. Chegava sujo, tomava banho, deitava, de manhã saía pra escola – mas ia nada, só quando não arrumava pelada no caminho.
Bom, agora taí. Moço, alto. Diz que vai embora. Tentar um time numa cidade maior. Fala nisso o dia todo. A gente tenta mudar a cabeça dele, mas vai dizer o quê? Pra vender sacolé, fazer jogo do bicho?
O medo é de que ele não volte nunca mais.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)

19 janeiro 2017

Torcida Única

Morava numa pensão ali em frente. Era feriado, almoçou tarde, andou um pouco e resolveu entrar no estadiozinho. Nem gostava muito, mas se distrairia.
Sentou-se no cimento, o campo quase sem grama, os times entrando aos poucos, e viu que só havia ele assistindo.
Certamente chegaria mais gente. Da pensão sempre via ao menos umas dezenas entrando e saindo.
Mas não.
Hora de começar o jogo e ninguém nos degraus, só ele.
Tinha pensado em ficar uns minutos e sair. Mas agora não tinha jeito. Sentiu-se responsável: aprumou a postura, fixou os olhos mostrando interesse, não podia fingir que não estava ali.
O jogo morno, arrastado.
Mas ele começou a aplaudir um lance aqui, a dizer “boa!” pra uma jogada ali, a incentivar os dois times.
Levantava-se: “vamos, vamos!”; “chuta!”, “abre na direita!”; e até um “uh!” num chute que passou mais perto.
Os jogadores foram se animando. Tinham cochichado, antes de começar, que devia ser maluco: sozinho, naquele sol, no feriado, vir assistir a um jogo que não valia nada.
Mas, com os comentários e incentivos, começaram a se dedicar. A jogar para ele. Faziam um lance e o olhavam, como se buscassem sua aprovação. E viam-no cada vez mais envolvido, animado, assoviando, batendo palmas: “toca mais a bola!”; “volta pra marcar!”; “as costas, as costas, cuidado!” – para os dois times.
Até que soltou, muito alto, sem pensar, um “seu filho da puta!” pro centroavante que furou na cara do gol.
Todos pararam e o olharam. Ele estava alterado, vermelho.
E então se deu conta. Estancou. Sentiu o impacto.
Estranhou-se como se saísse de um transe que o tomara aos poucos.
Olhou em volta. Vazio. O campo. Os jogadores.
O eco do palavrão ainda reverberava, subia, batia no sol e descia como uma bigorna.
Sentou-se desajeitado. O jogo recomeçou lento.
Minutos depois, ele se levantou, foi saindo aos poucos, cabeça baixa, passou pelo portão, foi embora.
Os jogadores ficaram espiando sua saída. Mantiveram os lances devagar checando se ele desistiria. Depois, pararam e esperaram pra ver se ele voltava.
Ã-ã.
Só o sol, o silêncio e o vazio.
E desistiram.
Acabaram o jogo – não tinha juiz mesmo, eles é que resolviam.
Mas não perdoaram o centroavante, que foi sendo xingado por todos até o vestiário.
Quer dizer, o barraco atrás do gol.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)

17 janeiro 2017

15 janeiro 2017

13 janeiro 2017

Copa 2026

A Fifa confirmou a Copa do Mundo com 48 seleções a partir de 2026 e quase cem anos depois da primeira edição, o Mundial quase que quadruplicará o número de participantes. Em 1930, no Uruguai, foram somente 13 equipes. O número oscilou até 1954, quando 16 times passaram a fazer parte até 1982. Na Espanha, houve aumento para 24 até a edição da França, em 1998, quando chegou ao número atual de 32 seleções. Daqui a três edições, o torneio sofrerá o maior inchaço desde a sua criação.
0000: Número de seleções em cada Copa do Mundo:
1930: 13 times / 18 partidas / 070 gols (3,9 média)
1934: 16 times / 17 partidas / 070 gols (4,0 média)
1938: 15 times / 18 partidas / 084 gols (4,7 média)
1950: 13 times / 22 partidas / 088 gols (4,0 média)
1954: 16 times / 26 partidas / 140 gols (5,4 média)
1958: 16 times / 35 partidas / 126 gols (3,6 média)
1962: 16 times / 32 partidas / 089 gols (2,8 média)
1966: 16 times / 32 partidas / 089 gols (2,8 média)
1970: 16 times / 32 partidas / 095 gols (3,0 média)
1974: 16 times / 38 partidas / 097 gols (2,6 média)
1978: 16 times / 38 partidas / 102 gols (2,7 média)
1982: 24 times / 52 partidas / 146 gols (2,8 média)
1986: 24 times / 52 partidas / 132 gols (2,5 média)
1990: 24 times / 52 partidas / 115 gols (2,2 média)
1994: 24 times / 52 partidas / 141 gols (2,7 média)
1998: 32 times / 64 partidas / 171 gols (2,7 média)
2002: 32 times / 64 partidas / 161 gols (2,5 média)
2006: 32 times / 64 partidas / 147 gols (2,3 média)
2010: 32 times / 64 partidas / 145 gols (2,3 média)
2014: 32 times / 64 partidas / 171 gols (2,7 média)
2018: 32 times / 64 partidas
2022: 32 times / 64 partidas
2026: 48 times / 80 partidas
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11 janeiro 2017

Tenebroso Inverno

Com a aproximação do inverno, os índios foram ao cacique perguntar:
- Chefe, será que teremos um inverno rigoroso ou será ameno?
O chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido os segredos de meteorologia como seus ancestrais. Mas claro, não podia mostrar insegurança ou dúvida. Por algum tempo olhou para o céu, estendeu as mãos para sentir os ventos e em tom sereno e firme disse:
- Teremos um inverno muito forte... é bom ir colhendo muita lenha!
No dia seguinte, preocupado com o chute, pegou o celular e ligou para o Serviço Nacional de Meteorologia, e ouviu a resposta:
- Sim, o inverno deste ano será muito frio!
Sentindo-se mais seguro, dirigiu-se a seu povo novamente:
- É melhor recolhermos muita lenha... teremos um inverno rigoroso!
Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:
- Sim... este ano o inverno será rigoroso!
Voltou ao povo e disse:
- Teremos um inverno muito rigoroso. Recolham todo pedaço de lenha que encontrarem, teremos que aproveitar os gravetos também.
Uma semana depois, ainda não satisfeito, ligou para o Serviço Meteorológico outra vez:
- Tem certeza de que teremos um inverno tão forte?
- Sim. Este ano teremos um frio intenso, nós temos certeza.
- Como tem tanta certeza?
- É que os índios estão recolhendo lenha pra caramba este ano...
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09 janeiro 2017

Um e Outro

O estilo do jogador é a expressão de sua personalidade.
Veja-o em ação em campo. Compare com seu jeito de falar, com seu comportamento e sua postura fora de campo, seu olhar, seus gestos.
É uma identidade só. A mesma persona dentro e fora do gramado.
Pense no Garrincha, no Tostão, no Rivellino, no Ademir da Guia, no Zico, no Romário, no Ronaldinho Gaúcho, no Neymar.
Mas também nos menos famosos.
E também nos de fora: Zidane, Maradona, Messi, Iniesta, Cruijff, Cristiano Ronaldo.
Vá pensando e testando – é batata! Todos são a mesma coisa dentro e fora do campo.
Menos um.
Pelé.
O que se vê em campo não é somente diferente do que se vê fora: é completamente estranho, avesso, antípoda.
É outra espécie. Outro ser.
Fora, um indivíduo meio simplório, ingênuo.
Dentro de campo, porém, o que se vê é uma pantera, um leão, um guepardo – feras em plena caça, dominando as savanas, as pradarias, as florestas.
Os olhos saltados, a concentração, o arranque, a objetividade, a força muscular, a gana de um animal impondo seu poderio sobre as presas e o território.
Não há nada de um no outro.
Veja o lance contra o goleiro Mazurkiewicz em 1970, certamente o mais belo e difícil da história das Copas – e talvez da história do futebol.
A execução, em força e raciocínio, é a de um fenômeno da natureza, rasgando o espaço e o tempo, impondo-se sobre tudo e todos.
Mas não só. Há ainda o que se dá depois do lance.
O gol não saiu e, diante do mundo bestificado, impressionado, Pelé volta andando, coçando algo nos lábios ou nos dentes, sem lamentos, sem surpresas, sem caretas, com a mesma altivez e naturalidade ostentada durante todo o jogo.
O corpo e os membros rijos, em movimento pausado. Como o predador que perdeu por pouco sua presa e se reposiciona para nova investida.
Só ele está tranquilo. Porque só ele sabe que aquilo é da sua essência sobrenatural.
Então.
Agora pense no Pelé das entrevistas, das canções, das declarações, da vida social, das campanhas publicitárias.
Não são o mesmo ser, definitivamente.
Mas ambos vivem suas existências próprias dentro do mesmo corpo. Talvez como heterônimos um do outro, ao modo de Fernando Pessoa.
E talvez daí venha a distinção psicológica e de pronomes que eles próprios usam para falar de seu oposto: Edson e Pelé.
Mas é mais do que isso, porque o Edson é de uma espécie. E o Pelé, de outra.
Para nossa sorte, quem entrava em campo era o Pelé.
Fosse o Edson e talvez não passasse nas peneiras como um meia-direita tímido e burocrático.
Em compensação, fosse o Pelé o que estivesse fora de campo, provavelmente teríamos um Rei de verdade a imperar em vasta área do planeta, com poder incontestável e milhões de súditos.
Não sei você, mas eu seria um deles.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)

07 janeiro 2017

Dando Um Tempo

Malandragem Dá Um Tempo
(Bezerra da Silva)
Vou apertar
Mas não vou acender agora
Vou apertar
Mas não vou acender agora
Eh! Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora
Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora
Eh, você não está vendo
Que a boca tá assim de corujão
Tem dedo de seta adoidado
Todos eles afim de entregar os irmãos
Malandragem dá um tempo
Deixa essa pá de sujeira ir embora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora
É que o 281 foi afastado
O 16 e o 12 no lugar ficou
E uma muvuca de espertos demais
Deu mole e o bicho pegou
Quando os home da lei grampeia
Coro come a toda hora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora
Vou apertar...

05 janeiro 2017

Derby Centenário

O ano de 2017 será especial para os torcedores de Corinthians e Palmeiras, clássico de maior rivalidade do futebol paulista.
Neste período será comemorado o centenário do “Derby” (apelido do embate), que teve o primeiro jogo disputado em 6 de maio de 1917, pelo Campeonato Paulista, no Parque Antártica, com vitória do ainda Palestra Itália sobre o rival por três a zero, todos os gols marcados pelo atacante Caetano.
No geral, ao longo de 100 anos, Corinthians e Palmeiras enfrentaram-se em 351 oportunidades, com 120 vitórias alvinegras, 125 palestrinas e 106 empates, demonstrando o equilíbrio absoluto deste grande clássico.

03 janeiro 2017

Pequena da Sorte

Pequenas cidades que tiveram ganhadores da Mega da Virada:
Santa Rita do Trivelato-MT – 3.135 habitantes
== 1 ganhador em 2014 = R$ 65,8 milhões
Fazenda Vilanova-RS – 3.697 habitantes
== 1 ganhador em 2016 = R$ 36,8 milhões
Água Branca-AL – 19.376 habitantes
== 1 ganhador em 2015 = R$ 41 milhões
Carmo do Cajuru-MG – 20.018 habitantes
== 1 ganhador em 2011 = R$ 35,5 milhões
Trizidela do Vale-MA – 20.891 habitantes
== 1 ganhador em 2016 = R$ 36,8 milhões
Teofilândia-BA – 23.319 habitantes
== 1 ganhador em 2013 = R$ 56,1 milhões
Santa Rita do Passa Quatro-SP – 26.478 habitantes
== 1 ganhador em 2009 = R$ 72,4 milhões
Palotina-PR – 28.966 habitantes
== 1 ganhador em 2013 = 56,1 milhões
Guaçui-ES – 30.685 habitantes
== 1 ganhador em 2015 = R$ 41 milhões
Cerquilho-SP – 45.142 habitantes
== 1 ganhador em 2015 = R$ 41 milhões
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01 janeiro 2017

Mega da Virada

00 Cidade dos Ganhadores da Mega da Virada: 00
00 31.12.2009: (1140) – R$ 72.450.747,46
01 00.00.0000: Brasília-DF
02 00.00.0000: Santa Rita do Passa Quatro-SP
00 31.12.2010: (1245) – R$ 48.598.800,01
03 00.00.0000: Cariacica-ES
04 00.00.0000: Belo Horizonte-MG
05 00.00.0000: Fazenda Rio Grande-PR
06 00.00.0000: Pinhais-PR
00 31.12.2011: (1350) – R$ 35.523.497,52
07 00.00.0000: Russas-CE
08 00.00.0000: Brasília-DF
09 00.00.0000: Carmo do Cajuru-MG
10 00.00.0000: Belém-PA
11 00.00.0000: Mauá-SP
00 31.12.2012: (1455) – R$ 81.594.699,72
12 00.00.0000: Aparecida de Goiânia-GO
13 00.00.0000: Franca-SP
14 00.00.0000: São Paulo-SP
00 31.12.2013: (1560) – R$ 56.169.465,02
15 00.00.0000: Maceió-AL
16 00.00.0000: Teofilândia-BA
17 00.00.0000: Curitiba-PR
18 00.00.0000: Palotina-PR
00 31.12.2014: (1665) – R$ 65.823.888,16
19 00.00.0000: Brasília-DF
20 00.00.0000: Santa Rita do Trivelato-MT
21 00.00.0000: São Paulo-SP
22 00.00.0000: São Paulo-SP
00 31.12.2015: (1775) – R$ 41.088.919,05
23 00.00.0000: Água Branca-AL
24 00.00.0000: Guaçui-ES
25 00.00.0000: Vila Velha-ES
26 00.00.0000: Vitória-ES
27 00.00.0000: Vitória-ES
28 00.00.0000: Cerquilho-SP
00 31.12.2016: (1890) – R$ 36.824.758,22
29 00.00.0000: Salvador-BA
30 00.00.0000: Fortaleza-CE
31 00.00.0000: Trizidela do Vale-MA
32 00.00.0000: Belo Horizonte-MG
33 00.00.0000: Campo Grande-MS
34 00.00.0000: Fazenda Vilanova-RS
##
00 Ganhadores por Estado: 00
00 7 - São Paulo
00 5 - Espírito Santo
00 4 - Paraná
00 3 - Distrito Federal
00 3 - Minas Gerais
00 2 - Alagoas
00 2 - Ceará
00 2 - Bahia
00 1 - Pará
00 1 - Goiás
00 1 - Mato Grosso
00 1 - Mato Grosso do Sul
00 1 - Maranhão
00 1 - Rio Grande do Sul
34
00 Total do Prêmio da Mega da Virada: 00
00 2009 – R$ 144,9 milhões
00 2010 – R$ 194,3 milhões
00 2011 – R$ 177,6 milhões
00 2012 – R$ 244,7 milhões
00 2013 – R$ 224,6 milhões
00 2014 – R$ 263,2 milhões
00 2015 – R$ 246,5 milhões
00 2016 – R$ 220,9 milhões