14 agosto 2014

Maria Chuteira

Só depois de duas segundas ele folgava – era a escala no time: de sol a sol, todos os dias.
Descanso às terças-feiras, somente, e quinzenal: numa ele ficava lá, só a outra é que tirava, e era pra si, pros amigos, pra bebida.
Eu sozinha.
A quarta, que dó, dia de jogo, e quinta, de treino – mas estas eram justas.
Mas nem a sexta pra mim?
Nem o sábado? Como é que faz?
E então de novo domingo.
Claro, de jogo.
Ele de novo no sol.
Um dia ele veio antes, no meio da segunda semana.
O outro time não foi, o treinador antecipou a folga.
Deu no que deu.
Uma tristeza.
Hoje ele nem joga mais.
E eu aqui, sozinha, com esse filho que nem sei se é dele.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)