09 agosto 2018

Minha Rua

Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava fazer um gol em cada ponta. Botava dezenas de meninos, quantos coubessem, jogava várias bolas, só pra ver, só pra ver eles correrem e chutarem.
Nesta rua, nesta rua tem um monte de adultos que vivem mastigando e babando mudos, de olhos frios, olhando pro alto, pra trás, pros lados, procurando algo no vazio do início e do fim da estrada, que se chama, que se chama solidão.
O que falta é isso: as bolas e os meninos, a gritaria, os sorrisos, os suores, os gols dando sentido às duas pontas, um bando de crianças jogando bola e virando anjos pra roubar, pra roubar seus corações.
(Texto de Luiz Guilherme Piva)