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"Para um inseto herbívoro que vive nas folhagens, o risco de ser atacado pelas formigas é muito grande. Uma das formas que eles encontraram para minimizar esse risco é produzir gotículas de secreções açucaradas que induzem as formigas a mantê-los como fonte de alimento, em uma relação semelhante a que temos com o gado de leite", disse Oliveira.
Segundo o pesquisador, assim como um criador de gado está interessado não apenas no leite, mas também na carne, as formigas também costumam matar esses insetos para se alimentar. "Além do açúcar, as formigas estão interessadas em proteínas. Queríamos saber o que impede que as formigas ataquem os insetos herbívoros depois de consumir o açúcar que eles produzem", afirmou.
A pesquisa indica que essa espécie desenvolveu, ao longo da evolução, uma secreção para atrair as formigas e uma camuflagem para essas não a reconheça como presas. Assim, os insetos conseguiram que o inseto mais agressivo de todos fosse seu guarda-costas.
"Normalmente, quando pensamos em uma camuflagem, tendemos a imaginar um recurso visual, como uma mariposa disfarçada pela semelhança de suas asas com a casca de árvores. Mas o universo sensorial das formigas não é visual como o nosso - é predominantemente químico. Elas reconhecem o que tateiam com suas antenas", disse o pesquisador.
A camuflagem química dos insetos faz com que sua superfície fique quimicamente semelhante à superfície de uma planta. "Ao consumir a substância secretada pelos herbívoros, as formigas os percebem como se fossem glândulas da planta secretando o açúcar", afirmou.
Durante a pesquisa, os cientistas compararam o perfil químico da superfície desse inseto e o da superfície da planta em que vivem e constataram plena semelhança. Os pesquisadores ainda testaram colocar as formigas e o outro inseto em outra planta sem semelhança química com eles, e o resultado foi desastroso, para o inseto.
Os cientistas ainda "vestiram" uma larva, normalmente comida pelas formigas, com a camuflagem química do Guayaquila Xiphias e constataram que o animal não foi atacado. "A camuflagem química já havia sido levantada na literatura, mas pela primeira vez demonstramos que um inseto herbívoro que atrai formigas consegue se proteger dos ataques delas por meio desse recurso", disse o pesquisador.
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