17 outubro 2016

Mané Garrincha

O ANJO DE PERNAS TORTAS
(Vinícius de Moraes)
A um passo de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento,
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Gôooool!
É pura imagem: um
G que chuta um O
Dentro da meta, um
L. É pura dança!